Defesa argentino, hoje com 41 anos, recorda problema idêntico ao que o central português enfrenta agora. Ao contrário do de Neto, traumático, Quiroga lembra que o seu pneumotórax foi espontâneo.
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Num choque com Luís Maximiano, Neto sofreu uma fratura da grelha costal com pneumotórax associado, no passado dia 8, aos 22' da receção ao Moreirense, e enfrenta agora um período de dois meses para recuperar. Em março de 2000, Facundo Quiroga viveu uma experiência idêntica e O JOGO recolheu o depoimento do antigo central argentino do Sporting, que deixa conselhos ao agora dono da camisola 14 verde e branca.
"O meu [pneumotórax] foi espontâneo, não foi traumático, como o do Neto. Comecei a sentir dor na véspera, pensava que era a bacia. À noite, doía-me o estômago e já tinha um pouco de falta de ar, mas pensava que tinha comido algo em mau estado", começa por lembrar Quiroga, antes de prosseguir:
Ex-central leonino lembra a O JOGO episódio sucedido em março de 2000 e diz a Neto o que fazer para recuperar em pleno do pneumotórax sofrido no dia 8, diante do Moreirense
"No dia seguinte, fui ao clube para treinar, falei com o médico e também pensou que era do estômago, deu-me um medicamento para isso. No treino, doía-me na mesma e quando começámos a correr a trote no aquecimento fiquei sem ar, quase nem conseguia respirar." "Fizeram testes e o médico [Fernando Ferreira] disse-me: "Muda de roupa, que tens de ir para o hospital". Se não fosse detetado, podia até ter um ataque cardiorrespiratório. Levaram-me à clínica e drenaram-me o pulmão, com um tubo por baixo do braço. Tive sorte. Não conhecia "pneumotórax" e assustei-me muito, ainda por cima estava sozinho em casa. A minha mãe viajou da Argentina, mas enquanto não chegava era o Beto Acosta e a família que ficavam comigo à noite no hospital. Acho que fiquei uma semana, nem me lembro bem, no início até estava meio dormente", recordou.
"Primeiro faz-se a drenagem (eu fiz dois ou três dias) e depois começa o processo de recuperação, porque os músculos atrofiam. Lembro-me de fazer exercícios de respiração profunda, trabalho cinesiológico, reaprender a conter e a soltar o ar", explicou Quiroga, antes de recordar todo o processo: "Aprendi a respirar de novo. Passado algum tempo, comecei a fazer bicicleta e ficava logo cansado. Mandaram-me fazer natação, que era importante para fortalecer a parte respiratória para fazer a parte atlética."
"Joguei até aos 35, mas não se pode apressar o processo de recuperação"
"Foi evolução contínua"; assume o ex-central de Sporting, Nápoles, Wolfsburgo, Newell"s Old Boys, Huracán, All Boys e seleção da Argentina. "Ainda hoje, confesso, faço um movimento e sinto como se se soltasse um ar no peito. Fiz check-ups pulmonares e disseram-me que às vezes fica uma sequela desse tipo. Mas joguei até aos 35, não afetou a minha carreira, não se pode é apressar o processo de recuperação. Leva o seu tempo", observa o ex-leão, hoje com 41 anos, antes de deixar um conselho a Neto: "O trabalho cinesiológico tem de ser bem feito, pode condicionar a respiração para sempre." "O meu foi espontâneo, não é muito comum, é mais normal ser traumático, como o do Neto", remata Quiroga, em declarações exclusivas a O JOGO, desde a Argentina.
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