Treinador do Braga aceita críticas ao seu trabalho, mas não "os adeptos, o caráter do presidente e dos jogadores".
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Na antevisão ao jogo com o Marítimo, Abel Ferreira criticou os que colocam em causa "o caráter" dos profissionais do Braga. O treinador expressou a vontade de se calar, mas não o fará para não dar espaço ao "ruído"
Declaração prévia
"Queria dar duas notas: em primeiro lugar, ainda faltam três jogos e todas as reflexões serão feitas no final. Só nessa altura responderei a tudo. A segunda nota é a mais relevante, tem a ver com o futuro. Há uns meses disse-vos que se não tivéssemos cuidado, estaríamos a incitar à violência e ao ódio. Os jogos passaram a ser jogos de vida ou morte e a rivalidade passou a ser marcada pelo ódio. Fico triste por não se lembrarem que por trás de um profissional de futebol há uma família, e um homem. E nesta altura vale tudo. Vale acusar, insinuar, insultar, injuriar... Vale tudo e mais alguma coisa, critica-se o caráter e o profissionalismo. Se quiserem criticar a equipa, que joga mal ou que as substituições são mal feitas, podem criticar. Sei muito bem quais são as regras. Agora não podem é por em causa o caráter dos meus jogadores, da equipa técnica, do nosso presidente e dos nossos adeptos. Apetecia-me era fazer silêncio por causa deste ruído todo. Mas não vou fazê-lo. Alguém ocuparia este meu silêncio com mais ruído e, com muita pena minha, julgo que ainda não batemos no fundo. Com o ruído que está, o futebol precisa de silêncio".
Está ressentido com quem?
"O que me apetecia fazer era silêncio. Com uma total impunidade ou por trás de um telemóvel, insulta-se. Cada um vai fazer a sua interpretação. Estou aqui somente para valorizar o jogo e o espetáculo. Tenho pena que muitas vezes que quem faça a guerra não vá para a frente, e esteja sentado numa cadeira. E não me refiro somente ao que é dito sobre a equipa do Braga. Não há valores humanos, não há um pingo de vergonha quando se fala de uma pessoa, quando não se conhece essa pessoa. Só me importa falar de futebol e dos jogadores. Aliás, eu próprio comprometi-me a não falar de arbitragens".
Desiludido?
"Não. Amo aquilo que faço. Se criticarem o meu trabalho, critiquem. Aceito tudo. Mas não critiquem os nossos adeptos, o caráter do meu presidente e dos meus jogadores".
Jogo com o Marítimo
"É difícil, mas temos que fazer o nosso trabalho. Esta equipa tem demonstrado caráter desde o primeiro dia, embora nem sempre tenha sido consistente. O Marítimo tem subido a pulso, quer fazer pontos e temos que estar alertas. Teremos de entrar intensos e agressivos, sempre alerta. Só assim poderemos jogar bem,
Há motivação?
"Quem representa o símbolo do Braga tem que estar motivado e amar o que faz. Eu amo esta profissão".
As críticas feitas a Petit por causa dos jogadores amarelados
"Hoje em dia somos criticados por tudo, incluindo por estarmos calados. Há planos estratégicos, há ideias e objetivos a cumprir. Cada um, dentro dos seus recursos, tenta cumpri-los. Se calhar, a estratégia (de Petit) surtiu efeito, porque o Marítimo venceu o Tondela. Tenho pena que se fale pouco de futebol. Deve haver é respeito pelo próximo.
Abel também faz ruído?
"O que estou a fazer é despertar consciências. Não estou a dizer nada que vocês não saibam. O que eu disse foi um resumo do que se passou ao longo da semana".
A equipa B deve continuar, mesmo que seja despromovida ao Campeonato de Portugal?
"Na minha opinião, sim. Gosto muito de ganhar competir, mas para mim não vale tudo. Mas guardem todas as perguntas que têm para o fim da época. Só faltam três jogos e estamos plenamente focados neles".
O que falhou no jogo com o Benfica no plano estratégico?
"Agora já não me interessa esse jogo. No fim da época, poderei responder a essa questão com todo o gosto. Responderei a tudo".