Abel Ferreira fala do título, de Guardiola, e recorda o momento mais duro da época
Abel Ferreira segue o sonho de António Salvador e sente que é possível o Braga ser campeão até 2021. Objetivo para a próxima época está definido: bater o recorde de 75 pontos.
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Na primeira grande entrevista desde que assumiu, a 26 de abril de 2017, o comando técnico do Braga, Abel Ferreira falou do passado, mas projetou, sobretudo, o futuro de um clube que pretende vincar cada vez mais a aproximação aos três grandes.
Numa escala de zero a dez, que nota dá a esta época do Braga?
- Dou nota sete. Se é verdade que fizemos uma boa Liga Europa e um campeonato incrível - batemos recordes, criámos uma identidade de jogo, os jogadores saíram valorizados... -, também é verdade que falhámos em duas competições. Não há outra forma de dizer isto: falhámos. Queríamos estar na final da Taça de Portugal e da Liga e não conseguimos. Na Taça da Liga falhámos por culpa própria, na Taça de Portugal custou-nos mais, sobretudo pela forma como fomos eliminados [com o Rio Ave]. Desperdiçámos muitas oportunidades e sentimos que o resultado podia ter sido outro.
O recorde de pontos do clube não deu para mais do que o quarto lugar. Faz sentido esta constante conversa sobre o título?
- Temos de ter sonhos na vida. O presidente acredita que é possível ser campeão até 2021 e eu também acredito. Acredito. Volto a repetir: acredito! É difícil, corremos com recursos diferentes, mas é precisamente esse o grande desafio. Temos de desafiar os nossos limites, desafiar os recordes, e assumo desde já que na próxima época queremos voltar a bater o nosso recorde de pontos. Se vai dar para o título? Não sei. O Guardiola não promete títulos, só trabalho, uma filosofia de jogo e o desenvolvimento dos jogadores... Se ele não promete, como é que eu posso prometer? Os nossos objetivos para a próxima época são claros: fazer melhor na Taça da Liga e de Portugal, continuar a encurtar distâncias para os grandes e superar o nosso recorde de pontos. É um desafio aliciante, muito ambicioso, mas neste ano demos provas de que é realista. Competimos contra três clubes com recursos diferentes, mas estamos a caminhar na direção deles.
Durante uma época há sempre momentos difíceis no balneário. Qual foi o mais complicado de gerir?
- Foi depois do jogo em Setúbal, quando fomos eliminados na Taça da Liga. Às vezes perguntam-me: "Que tipo de líder és tu?". Não sei responder, ajo conforme o contexto. Posso ficar furioso com os jogadores, mas eles sabem que gosto muito deles. Esse foi um momento duro, por tudo aquilo que envolvia, mas sobretudo pela forma como perdemos. No dia anterior, soubemos que dependíamos apenas de nós [empate do Benfica com o Portimonense], tínhamos tudo nas nossas mãos, mas fomos fracos. Fomos fracos. Não conseguimos desafiar um adversário... Naquele jogo perdemos duas vezes, uma por culpa própria e outra porque o adversário nos ganhou. No entanto, esse dia também serviu para aprendermos. Os jogadores sentiram o momento, perceberam, entenderam o que lhes foi dito e seguimos em frente.