A nova águia e o especialista: análise aos noves confrontos desta época entre três os grandes
Duelos de dezembro tiveram triunfos claros dos dragões que, depois de descodificarem o Sporting, tentam selar hoje o título. Encarnados dispensaram o domínio estatístico no único clássico que venceram.
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Benfica e FC Porto encerram esta tarde, na Luz, a maratona de clássicos da época 2021/22, que na linha da meta poderá conhecer um novo campeão. Aos portistas, bastará um empate para conquistar o trigésimo título nacional.
O Benfica sofreu até encontrar o trilho da vitória frente a um rival. FC Porto dominou em várias versões
Para trás ficaram nove confrontos entre os três grandes e uma série de conclusões evidentes a partir das análises de cada um. À exceção da primeira visita ao Sporting, em setembro, os dragões, com quatro triunfos e dois empates, foram dominadores e saíram por cima em diferentes versões: com e sem Luis Díaz, a precisar de virar resultados e desafiado a proteger vantagens, à boleia de nuances táticas testadas por Sérgio Conceição ao longo da época.
Já o Benfica, que entre duas visitas ao Dragão, em dezembro trocou Jorge Jesus por Nélson Veríssimo, perdeu todos os clássicos até chegar a Alvalade, há menos de um mês, e finalmente impor-se, numa partida que atestou o potencial da versão encarnada para os jogos de cartaz.
É essa fórmula, que não precisa de destacar-se nos índices estatísticos e que também deu frutos na Liga dos Campeões, que hoje tentará impedir a festa de uma equipa que se especializou em clássicos.
As experiências encaixadas na estabilidade
Olhar para o FC Porto do primeiro clássico da época é um exercício engraçado: em Alvalade, Marcano foi lateral-esquerdo, Corona titular, Vitinha não saiu do banco e Evanilson não foi convocado. Os dragões foram mais tímidos do que em qualquer outro clássico e não mais voltariam a rematar menos vezes do que um rival de Lisboa.
Já nos clássicos de Natal e Ano Novo, a máquina de Conceição avançava a todo o vapor e passou por cima de um Benfica mergulhado no caos. A estatística do primeiro jogo pendeu para os encarnados, porque os dragões ficaram reduzidos a dez jogadores ainda antes do intervalo, mas já com o resultado em 3-0.
Uma semana depois, foi só trocar Díaz por Pepê e Fábio Vieira por Evanilson e o resultado foi quase idêntico. Mais recentemente, nos duelos para a Taça de Portugal, Sérgio descodificou o Sporting. Aproximou um médio dos centrais, ganhou a batalha a meio-campo, pediu a Taremi para fechar à esquerda e venceu ambas as partidas de forma pouco menos do que indiscutível, com a maioria dos índices ofensivos e defensivos na mão.
Tantas desilusões até encontrar a fórmula
Muito mudou o Benfica para chegar até aqui. Frente a Sporting e FC Porto, Jorge Jesus somou duas derrotas sem discussão, apostando num esquema com três centrais que Veríssimo tratou logo de desfazer para a segunda visita à Invicta. Foi a vez de as águias ficarem com dez jogadores depois de reduzirem para 2-1, mas não evitaram novo desaire.
Já os duelos posteriores com o Sporting mostraram um padrão claro. O Benfica, que na primeira volta esbarrou numa parede e que pouco ou nada consequente foi, deu o domínio ao Sporting de forma desassombrada. Na final da Taça da Liga, os compromissos internacionais esvaziaram opções de ambos os lados e os leões saíram por cima, numa partida em que os encarnados pouco mais produziram além do golo.
O caminho, no entanto, era por ali e, três meses e algumas afinações depois, o Benfica foi sólido e letal no triunfo por 2-0 em Alvalade, sem precisar de dominar a estatística além da mais importante de todas, os golos, claro.
Padrões fáceis de identificar
Os padrões de FC Porto e Benfica nos clássicos entre si e com o Sporting são fáceis de identificar. Os dados dos duelos de dezembro foram inevitavelmente influenciados pelas expulsões algo madrugadoras, Evanilson no primeiro jogo e André Almeida no segundo, ainda que em ambas os dragões já estivessem na frente.
Frente aos leões, o FC Porto teve no primeiro desafio o mais atípico, apenas quatro remates com uma equipa ainda longe de estabilizada, mas que foi crescendo de jogo para jogo.
Por fim, o Benfica "virou" a tendência com o Sporting quando concedeu o domínio ao adversário e afinou uma estratégia que já ensaiara na Taça da Liga. Não havia Darwin em Leiria, mas em Alvalade sim...