A dobradinha ou a última dança: Taça de Portugal decide-se este domingo
Jogo grande na festa do futebol. Dragões tentam salvar a época, leões em busca da glória suprema num jogo de inevitáveis despedidas. Quem leva o troféu para o museu?
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Emoções ao rubro na maior festa do futebol nacional. Estádio lotado, pintado de verde e azul, com as celebrações a começarem bem cedo na mata do Jamor, onde não faltarão comes e bebes, porque a decisão da Taça de Portugal vai sempre para lá do que é jogado dentro das quatro linhas. E lá, no relvado, o Sporting, ainda a apanhar as canas dos foguetes da festa do título, vai em busca de uma dobradinha que lhe escapa há 22 anos, enquanto o FC Porto procura salvar uma época atípica, em que chega ao último jogo sem qualquer troféu conquistado. Um “zero” que seria inédito na era Conceição.
Amorim procura juntar a Taça ao campeonato, algo que escapa ao Sporting há 22 anos; Conceição quer oferecer o 69º e último título a Pinto da Costa. Resta saber quem vai beber uma ou duas cervejinhas...
É inevitável e impossível dissociar estes 90 ou 180 minutos (mais penáltis, se assim for necessário) da despedida de Pinto da Costa ao fim de 42 anos de presidência. Do clube já o deixou de ser, da SAD tem mais dois dias no cargo e a “última dança” do líder será feita na tribuna e não no banco, como pretendia. Com o seu sucessor, André Villas-Boas, ao lado ou por perto e um dos mais fortes rivais dos últimos tempos, Frederico Varandas, em ponto de mira, Pinto da Costa espera somar o 69º troféu só no futebol profissional.
Equilíbrio: se a tradição se mantiver nada se resolverá nos 90’ regulamentares
Para o líder dos leões, no cargo há quase seis anos, este jogo também é muito especial, desde logo por ser o 300 desde que assumiu a liderança, mas também porque ainda não tem qualquer Taça de Portugal no currículo. Além disso, uma vitória esta tarde permitirá a Varandas passar João Rocha e, também, igualar os oito troféus, que são recorde no Sporting, de Ribeiro Ferreira, presidente na era dos Cinco Violinos.
Final fica marcada pela despedida de Pinto da Costa ao fim de 42 anos à frente do FC Porto
Da tribuna para o banco, o clássico tem um enorme significado para Sérgio Conceição. Não só por ser a final da prova rainha, que nunca escondeu ser especial para si, e por poder ser o seu último jogo no banco - o futuro é ainda uma incógnita -, mas igualmente porque é a derradeira oportunidade para não ficar a zero em títulos, o que aconteceria pela primeira vez desde que chegou ao FC Porto. Por outro, vencendo chegará ao 11º troféu pelos dragões, o que lhe permitirá ultrapassar Jorge Jesus e tornar-se no treinador com mais conquistas em Portugal pelo mesmo clube. “JJ” chegou aos 10 pelo Benfica. É a quinta presença na final da prova em representação dos portistas, e a sexta da carreira (somou uma pelo Braga), onde vai em busca do quarto título - algo que apenas Otto Glória e Pedroto alcançaram - o terceiro seguido e isso será histórico: ninguém conseguiu em Portugal conquistar três anos seguidos esta prova ao serviço do mesmo clube. Além disso, o treinador já admitiu que ganhar a Taça seria “uma bela forma de Pinto da Costa sair” do clube.
É a sexta decisão da Taça entre FC Porto e Sporting
Do lado do Sporting, Rúben Amorim procura um título inédito na sua carreira e a tal dobradinha que escapa aos leões há mais de duas décadas. Aliás, esta será a primeira vez que estará no Jamor enquanto treinador. Contudo, já pisou o relvado duas vezes como jogador: perdeu uma pelo Belenenses contra... o Sporting, e ganhou outra de águia ao peito.
Na 15.ª final entre os dois clubes, em quatro provas, será a sexta vez que se encontram para a entrega da prova rainha e, se não for quebrada a tradição, haverá, pelo menos, prolongamento. É que nos cinco confrontos anteriores nunca houve um vencedor ao fim do tempo regulamentar.
Rei Galeno e o matador sueco
Do banco para o relvado, Gyokeres é a principal arma dos leões, que na baliza terão o jovem Diogo Pinto e Matheus Reis como principal baixa. Nos dragões, Evanilson chega ao Jamor como o artilheiro da prova, com um Francisco Conceição disposto a espalhar brasas antes do Europeu e Galeno a querer ser o rei da prova, tornando-se no primeiro jogador a vencer em quatro anos consecutivos.