Nenhum dos atletas que compõem o melhor onze da 4.ª jornada da Champions deu um salto tão grande na carreira desde 2018. Conhecidos garantem que é imune à pressão.
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Quando, há pouco mais de um ano e meio, Zaidu percorria os campos do Campeonato de Portugal à procura do sonho de se tornar profissional de futebol, muitos dos jogadores que surgem agora ao lado do nigeriano no melhor onze da 4.ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões já jogavam no principal campeonato de cada país.
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Ninguém, entre os eleitos, deu um salto tão grande na carreira neste período de tempo como o lateral-esquerdo. Nem mesmo Sergiño Dest, o outro dos elementos que em 2018/19 disputavam uma divisão secundária, que, ainda assim, era superior àquela em que se encontrava o agora jogador do FC Porto.
Por aqui se percebe a dimensão do salto dado por Zaidu, cuja pureza, descontração e a inocência própria da juventude fazem com que, de acordo com quem ele lidou no passado, seja imune à pressão própria dos grandes palcos. "É um miúdo para quem jogar com o Vizela ou na Liga dos Campeões é a mesma coisa. Tem aquela inconsciência boa de enfrentar qualquer adversário da mesma maneira", explica a O JOGO Diogo Boa Alma, diretor-desportivo do Santa Clara, próximo adversário dos dragões na Liga, que o descobriu no Mirandela quando Rui Borges era o treinador. "Acredito que aos poucos venha a ganhar noção do clube onde está, mas a verdade é que o Zaidu é uma pessoa muito descontraída. Mesmo quando comete um erro, ele percebe que o cometeu, mas não o acusa e volta ao jogo rapidamente", garante ao nosso jornal o agora técnico da Académica, que jogava na equipa transmontana quando o nigeriano lá chegou.
Diogo Boa Alma (diretor-desportivo do Santa Clara) e Rui Borges (ex-treinador do Mirandela) sustentam que o nigeriano tem uma "inconsciência boa", que lhe permite encarar a liga milionária como o Campeonato de Portugal
Manafá revelou recentemente que Zaidu era o elemento mais engraçado do plantel do FC Porto e Rui Borges entende o porquê. "É muito fácil criar empatia com ele. É uma pessoa pura, brincalhona, poupadinha e depois ainda está a aprender a dominar o português... Lembro-me que na altura em que trabalhava com ele, por vezes tentava corrigi-lo em português e ele dizia sempre que não entendia para não me ouvir", recorda, entre risos, o técnico, que sentiu desde logo estar na presença de um jogador com muito potencial. "Agora é fácil dizer que acreditava nele. Mas a verdade é que ele tem uma velocidade incrível e muita confiança nas suas qualidades. Confia tanto na sua rapidez que, por vezes, facilita um pouco porque acha que vai buscar o atacante. E a verdade é que quase sempre o consegue", nota.
Foi essa característica, de resto, que fez Diogo Boa Alma querer contratar Zaidu logo após um Vizela-Mirandela de 2018/19. "No primeiro jogo em que o vi até jogou a central. Mas o que mais se destacava nele era a velocidade, a qualidade no pé esquerdo e a personalidade. Tinha tranquilidade em todos os momentos do jogo", relembra. Foi nos Açores que o nigeriano passou em definitivo para a esquerda. "Quisemos tirar o máximo partido da capacidade física dele para fazer todo o corredor, porque ele tem um bom cruzamento e remata bem", conta o dirigente do Santa Clara, nada surpreendido com o rendimento do esquerdino no FC Porto. "Já disse que foi quem mais me surpreendeu, até na afirmação no Santa Clara, porque o fez de uma forma muito rápida. No FC Porto não tanto, porque já sabia a qualidade que tem, que é acima da média, a humildade e a vontade de aprender, tudo qualidades que o mister Sérgio Conceição aprecia", sublinha. A forma como se apropriou do lado esquerdo da defesa após a partida de Alex Telles não deixam margem para grandes dúvidas.