José Pereira, presidente da ANTF, volta a defender que "é uma vergonha" a promoção dos treinadores que não estão certificados para a função principal nas equipas da I Liga. "É uma habilidade dos clubes", considera
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A discussão em torno dos treinadores que não têm o nível IV e exercem a função principal nas equipas da I Liga foi o tema principal da entrevista com José Pereira, que já vai em 17 anos na liderança da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF).
Pedro Proença afirmou no final da Taça da Liga que antigos internacionais poderiam ter um encurtamento para chegarem ao nível exigido para treinador de I Liga de forma diferente. O que acha dessa ideia?
-O dr. Pedro Proença foi infeliz nessa afirmação. Ele faz parte da FPF e, tanto quanto sei, nunca fez essa proposta em sede de Federação; teve algumas reuniões connosco e nunca abordou esse assunto. Tanto quanto sei, no IPDJ também nunca levantou essa questão. E por isso foi de certa forma infeliz ao abordar essa situação nessa altura e depois de saber o que está legislado.
Foi infeliz porquê?
-Pela altura e porque essas coisas se tratam nos sítios certos. E a formação dos treinadores não é da competência da Liga Portuguesa de Futebol Profissional; é da competência da UEFA, da Federação e do IPDJ.
Para os treinadores que sobem degrau a degrau e tiram os níveis todos, será eticamente incorreto a aceleração do processo aos antigos internacionais?
-Há excelentes jogadores que nunca na vida serão treinadores, e há jogadores que não atingiram grande nível e que podem ser grandes treinadores. Nos últimos 20 anos, os campeonatos portugueses foram ganhos por treinadores portugueses e, desses, só um internacional é que ganhou o título, o Sérgio Conceição. Há jogadores internacionais que nunca serão treinadores e alguns que não sentem vocação.
Continua a achar uma vergonha a promoção dos treinadores que não estão certificados?
-Continuo a achar que é uma vergonha, não fujo à questão. O nosso futebol atingiu um nível que não se compadece com estas habilidades que os clubes vão fazendo. É um desrespeito para com todos aqueles que são treinadores e para os clubes que estão a cumprir.