José Pereira, presidente da ANTF, abordou as trocas de palavras entre os três grandes, que considera "não olharem a meios para atingir os fins"
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A iniciativa do presidente do Conselho de Arbitragem de convocar os líderes dos clubes para apelar à contenção de palavras serviu de mote à conversa sobre a "troca de galhardetes" na fase mais quente da I Liga.
O que acha da ideia de José Fontelas Gomes?
-Conheço o José Fontelas Gomes há muitos anos; é um homem sério. Pode falhar, como qualquer pessoa, mas é sério. Convém sublinhar que o primeiro e o segundo lugar do campeonato representam neste momento muitos milhões. Por isso não vai ser fácil as pessoas deixarem de pressionar, de fazer o seu jogo e montar a sua estratégia, no sentido de obter a qualificação que lhes serve. Na próxima época poderão ser dois clubes, mas agora é só um. A diferença é tão grande que as pessoas não olham a meios para atingir os fins.
É reprovável?
-Recentemente, a propósito da linha do fora de jogo, que é infalível, ouvi num programa que deveria haver uma tolerância. Ora, se houver tolerância não deixa de haver uma linha. As pessoas não sabem o que querem. Os árbitros são avaliados ao milímetro. Não me parece razoável que os clubes grandes tenham razão de queixa destas situações, mas compreendo, porque há demasiada diferença entre o primeiro e o segundo classificado em termos monetários.
É normal esta guerra de palavras?
-Os clubes grandes arriscam tudo na estratégia de condicionamento das arbitragens. É uma estratégia antiga. Remédio para isto? Não sei! Nem com diálogo, nem com metralhadora.
Há mais aspetos a rever?
-O exagero que as claques estão a proporcionar no futebol torna isto uma atividade que começa a ser perigosa para os nossos jovens. Hoje gosta-se mais da desordem e das equipas do que se gosta do futebol. A crispação está a ter mais influência e mais adeptos do que o futebol.