Sousa fintou dois e deu para Madjer. Este olhou para a baliza e...
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Há 31 anos, uma equipa portuguesa conquistava pela primeira vez o título mundial de clubes. Na altura denominada Taça Intercontinental, a prova realizava-se em jogo único, quase sempre em Tóquio, capital do Japão, como aconteceu nesse dia de 13 de dezembro de 1987, aqui relembrado por António Sousa.
"Já tinha jogado à neve, mas nunca como naquele dia. Aquilo nem se pode dizer que fosse jogar. Era mais pontapé para a frente", começa por relembrar Sousa, hoje com 61 anos e proprietário de uma papelaria em São João da Madeira, de onde é natural.
"Nada fazia prever que nevasse tanto, porque nos dias anteriores não tinha nevado. Mas naquele dia começou a cair continuamente e a verdade é que ninguém estava preparado para aquilo. Nós até queríamos adiar o jogo, mas a organização queria era andar com o encontro para a frente e obrigou-nos a jogar. Era tanto frio e gelo que nem sentíamos nada", conta.
O apito inicial foi mesmo à hora marcada (era madrugada em Portugal) e o FC Porto marcou primeiro, por Gomes, à boca da baliza, a encostar um remate de Madjer que tinha ficado preso na neve.
Só que o Peñarol empatou, obrigando ao prolongamento. Aí, aos 109 minutos, foi a magia de Sousa (com uma "pequena" ajuda de Madjer) a desbloquear a situação. "A bola sai da nossa área e chega a mim. Apanhei dois adversários pela frente, driblo o primeiro, em condições muito difíceis, e depois o segundo tenta tirar-me a bola, mas eu consegui desviar-me dele para o lado contrário. Chutei depois para a frente na direção do Madjer que, muito bem, viu o guarda-redes adiantado e rematou. A bola entrou devagarinho, devagarinho. Foi sorte porque a bola não apanhou nenhum acumulado de água e acabou por entrar. E nós acabámos aí com o jogo", relembra, resumindo depois: "Eu era um menino e fazia o que mais adorava, que era jogar futebol. Agora o tempo passa depressa. Mas foi um dia que entrou para a nossa história, para a história do clube e também do futebol português."