Pandemia acentuou problemas de liquidez da SAD. Leões pretendem reduzir encargos e maximizar recursos. Vão para as entidades bancárias 30% de cada venda e 7 M€ de receitas da Champions
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O Sporting ultima, com as duas principais entidades credoras do clube - o Novo Banco e o Millenium BCP -, um novo acordo de reestruturação financeira, algo que, segundo O JOGO apurou, espera ter concluído até final do mês de julho, eventualmente nos primeiros dias de agosto.
Processo está a ser tratado por Francisco Salgado Zenha e visa "simplicar" e diminuir verbas pagas à banca
Esta é uma operação tida como indispensável pelos responsáveis leoninos que procuram "simplificar" ainda mais o Acordo Quadro que foi modificado em outubro de 2019. O processo é liderado pelo administrador financeiro Francisco Salgado Zenha e naturalmente os pormenores do mesmo vão permanecer em sigilo entre as partes, sendo que, de acordo com informações recolhidas pelo nosso jornal, a pretensão dos dirigentes leoninos passa por reduzir as verbas que têm de ser liquidadas às duas instituições por cada transferência efetuada pela SAD e da qual resulte valias financeiras, assim como a redução do montante dos prémios provenientes da participação do clube nas competições europeias. Resta saber qual a forma de o Sporting compensar as duas entidades por esta cedência pretendida pelos homens de Alvalade.
Atualmente, no âmbito das referidas alterações ao plano de reestruturação, inicialmente formalizado em novembro de 2014, a SAD tem de canalizar 30% das receitas de transferência de um atleta para a banca, algo que tem de ser concretizado até ao final do exercício seguinte - como aconteceu recentemente com a transferência de Bruno Fernandes para o Manchester United -, assim como têm de ser pagos 7 milhões de euros (M€) pela qualificação da fase de grupos da Liga dos Campeões.
"Há um intervalo até ao qual nada é utilizado para a amortização de dívida. É um acordo muito mais complexo do que o ideal. Um dos objetivos, não o escondo, é simplificar, reestruturar, estes acordos. Já aconteceu na última renegociação. Basicamente o Sporting passou de 50% para 35%? Sim, mas isso tem várias nuances por detrás. Queremos simplificar", afirmou Francisco Salgado Zenha, em entrevista a "O Jornal Económico" no passado dia 5 de março.
Várias ferramentas estão em cima da mesa da SAD
Ora, esta operação insere-se no pressuposto do elenco liderado por Frederico Varandas em otimizar os recursos financeiros da sociedade, esperando a administração da SAD que o mesmo permita aliviar as obrigações tidas como elevadas. A pandemia tem vindo a colocar os leões, à semelhança de outros clubes, sob pressão em termos de tesouraria e a realização de mais-valias é determinante para o equilíbrio das contas, sem colocar em risco o cumprimento das normas de fair-play financeiro.
O relatório e contas da SAD referente ao 3.º trimestre do exercício que hoje termina refere um prejuízo de 23,5 M€, dando um sinal claro de que o resultado líquido financeiro negativo poderá superar os 30 M€, estimando-se mesmo que ronde os 35 M€. Mas o mercado até ao momento pouco mais permitiu do que o encaixe de dois milhões de euros com a venda de Misic, quando as necessidades são elevadas e a Liga dos Campeões apenas ajuda, por enquanto, a atenuar alguma pressão através da antecipação de receitas.
Ponderação: empréstimo obrigacionista em novembro com mais 10 M€ a 15 M€
Outro dos instrumentos que é estudado e deverá ser materializado é a emissão de um novo empréstimo obrigacionista, como O JOGO oportunamente deu conta. A 26 de novembro a SAD terá de proceder ao reembolso dos 26,1 M€ do empréstimo obrigacionista lançado em 2018, estando em cima da mesa a possibilidade de aumentar em mais 10 M€ ou 15 M€ a oferta de obrigações, face aos 30 M€ que não foram subscritos na totalidade pelo mercado.
Além disso, como já mencionámos, a SAD também deverá fechar a breve trecho a antecipação de 20 M€ das receitas provenientes da UEFA pelo acesso à fase de grupos da prova, que rende para já perto de 28 M€ (isto sem englobar os resultados desportivos que possam ser obtidos), estando em diálogo com algumas entidades financeiras, que cobram em média entre 1,5% e 2% de taxa de juro, além de uma comissão de operação próxima de 1%.