O internacional português não considera que tenha existido pressão extra sobre os jogadores encarnados em 2018/19, depois de ter sido falhada a conquista do inédito pentacampeonato.
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Pizzi foi um dos motores do 37 e, já depois da festa do título nacional, celebrou a conquista da Liga das Nações ao serviço da Seleção. Ainda antes das negociações entre Benfica e Atlético de Madrid por João Félix, o médio conversou com O JOGO.
"Tenho ambição de continuar a ganhar mais títulos"
Marcou vários golos e foi o rei das assistências (19) em 2018/19. Que análise faz da sua temporada?
-Foi a minha melhor época. Fiz muitas assistências, foi um recorde de golos, assistências e jogos. Mas, acima de tudo, há que valorizar o trabalho de toda a equipa. E sem dúvida, a ajuda dos meus companheiros que tem muita percentagem neste meu sucesso, em termos individuais.
Quem foi o jogador do plantel mais fácil de servir, por já saber que não iria falhar?
-Temos vários jogadores na equipa, o Seferovic, Félix, ou o Rafa que são jogadores que demonstraram terem muito golo com eles. E claro que um jogador só faz assistências se quem rematar fizer golo. Por isso, é fácil fazer assistências para eles, porque em 3/4 oportunidades fazem dois golos. Foi fácil assistir este tipo de jogadores.
"Merecíamos e merecemos inteiramente a reconquista, por tudo o que fizemos"
Perdido o inédito pentacampeonato, sentiram que havia um peso extra sobre o grupo? Que não se podia falhar?
-Não. Acho que jogar no Benfica e trabalhar todos dias aqui já representa um peso enorme para qualquer jogador. Estamos a representar uma grande equipa, a melhor em Portugal e um grande a nível europeu. Só o facto de trabalhar todos os dias para o Benfica tem de ter um peso para o jogador. Acho que depois de termos falhado essa conquista do penta, nós todos juntos tínhamos consciência de que esta época ia ser muito complicada, mas queríamos essa tal reconquista, porque merecíamos e merecemos inteiramente esta reconquista por tudo o que fizemos, desde o primeiro momento em que o campeonato nacional começou.
Com Bruno Lage, o Benfica mudou de 4x3x3 para o 4x4x2. O Pizzi acabou por jogar preferencialmente no corredor direito, posição que não lhe é desconhecida. É a posição em que sente mais confortável neste esquema de jogo?
-Sim, sinto-me bastante confortável nesta posição, porque já tinha jogado há uns anos atrás, inclusive com o míster Rui Vitória já tinha jogado nesta posição e acaba por favorecer o meu jogo, porque jogo em zonas mais próximas da baliza. Isso permite-me fazer mais assistências e estar mais perto de fazer golos e acho que para um jogador que gosta de ter a bola e assistir os companheiros, como é o meu caso, é sempre importante estar posicionado mais à frente e essa alteração acabou por ser muito positivo para a minha maneira de jogar e estar dentro do campo.
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Médio desliga-se totalmente das "coisas extrafutebol"
Pizzi recusa comentar quem critica o Benfica, acusando as águias de terem sido beneficiadas pelas arbitragens ao longo da caminhada para o 37.º título. "Não sou a pessoa mais certa para falar de arbitragem. O que se passa extrafutebol... a mim não me diz nada. Sou uma pessoa completamente desligada desse tipo de coisas extrafutebol, porque acho que os jogadores têm de estar centrados só no dia a dia, treino e jogo", começa por referir o internacional português. Para o camisola 21, que continuará ligado às águias até 2023, não se pode tirar mérito ao trabalho desenvolvido pelos encarnados durante a última temporada. "Todos nós temos a consciência que somos justos vencedores e merecemos inteiramente este campeonato e o que os outros clubes ou outras pessoas possam dizer não nos interessa minimamente", diz.
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Ajax como exemplo a seguir
Luís Filipe Vieira ambiciona regressar às conquistas europeias, mas Pizzi reconhece que "muitos clubes" estão à frente das águias, "acima de tudo em termos económicos". "A parte financeira tem um peso muito importante no futebol atual, mas o Benfica está a trabalhar da melhor maneira para contrariar isso, com a formação no Seixal e os miúdos que estão a aparecer têm provado ser mais-valias para o Benfica", sublinha. No entender do médio, o caminho a seguir é mesmo esse. "O Ajax, este ano, demonstrou que não contratando muita gente e apostando na formação pode chegar-se muito longe. Esteve a um passo da final da Liga dos Campeões e tem de ser esse o foco: pensar que a formação é muito importante num clube e o presidente está a trabalhar da melhor maneira para isso acontecer", diz ainda o camisola 21.
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Bruno Lage trouxe "vida nova"
O que mudou desde a saída de Rui Vitória e entrada de Bruno Lage?
-Quando há uma mudança em termos de equipa técnica, há sempre mudança na maneira jogar e estar, da maneira de os treinadores verem o futebol. O Rui ajudou muito o Benfica, conquistou 2 títulos, ajudou-nos muito enquanto jogadores, mas o ciclo dele terminou e a entrada de Lage significou muito para nós, pela sua maneira de estar no futebol, maneira positiva de jogar futebol, quer que as suas equipas joguem de maneira ofensiva, com caudal ofensivo muito forte e com uma posse de bola muito grande. Isso favoreceu-nos a nós jogadores coletiva e individualmente. Dentro de campo sentíamos muito bem, muito fortes e com a convicção de que estávamos a fazer as coisas certas
Mas o que não estava a resultar com Rui Vitória?
-Não sou a pessoa certa para responder a isso. Começámos muito bem,ganhámos ao FC Porto na Luz e depois seguiu-se um conjunto de resultados não favorável para nós como e em tudo na vida e no futebol, objetivamente, a culpa é sempre dos jogadores ou treinador. Aconteceu a mudança e como disse nem Rui Vitória estava a fazer tudo mal nem agora Bruno Lage está a fazer tudo bem. No futebol temos de ser equilibrados nas nossas avaliações e temos muito a agradecer a Rui Vitória. Infelizmente, o seu tempo acabou e com a entrada do Bruno Lage ganhámos uma vida nova e acabou por nos
relançar nesta reconquista.