Um livro por dia >> O autor Michael Calvin escreveu esta obra depois de passar um ano a acompanhar "scouts" por todo o Reino Unido
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Os olheiros, os "scouts", os detetores de talentos, os homens de lugar nenhum são os heróis alternativos do jogo dos quais ninguém fala. Este "The Nowhere Men" é um livro importante. Revela o observador de jogadores no terreno e logo em Inglaterra, onde se massificou.
O autor Michael Calvin escreveu esta obra depois de passar um ano a acompanhar "scouts" por todo o Reino Unido e relatou as montanhas e vales, as atribulações pelas quais passam os olheiros. Aqui lê-se o outro lado do futebol, onde não há glamour nem emoção. A frieza na observação, a descoberta de um tesouro num meio em que a concorrência é apertada, relata-se com minúcia. Michael Davis roçou os ombros com muitos "scouts" em tribunas apertadas e gélidas. Foram tardes a ver os sub-16 do Leyton Orient ao lado de um esperançoso olheiro do Charlton, o qual faz um relatório entusiasmado sobre um lateral-esquerdo, ou a assistir a um cinzento Bristol Rovers-Scunthorpe com um scout do West Ham, que finge tirar notas sobre o central do clube da casa quando, na verdade, tira as medidas ao ponta-de-lança visitante - o objetivo é iludir o "scout" ao lado, pertencente ao Southampton.
"The Nowhere Men" fala de homens solitários com olhos de lince que tentam ver o que ainda não está lá. Movem-se a expensas próprias, à espera de um hipotético reembolso até ao prémio, caso garantam uma contratação. Percorrem estradas vazias a meio da semana. São agentes quase secretos, que ao estilo corsário colocam o seu saber ao serviço de quem melhor pagar.