Um livro por dia >> Ronald Reng, jornalista germânico, era amigo pessoal da família Enke e escreveu este "Robert Enke - Uma vida curta demais". Com a ajuda da viúva Teresa, Reng descreveu tudo
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Certa vez, na antiga Luz, Robert Enke arriscou o português e saiu-lhe um sonoro "foda-se". Embaraçado, o guardião ficou da cor da camisola que defendia, mas tudo se resolveu a gargalhadas com os jornalistas presentes. O então jovem guarda-redes alemão era divertido e usava o coração na manga, como dizem os ingleses. O que ninguém suspeitava era do labirinto interior em que Enke entrava vagarosamente e para o qual nunca encontraria saída. Este livro mostra como a depressão é capaz de carcomer um ser humano e, no caso, consumiu um homem bom, um guarda-redes de exceção, que só não se conseguiu defender a si próprio da angústia.
Ronald Reng, jornalista germânico, era amigo pessoal da família Enke e escreveu este "Robert Enke - Uma vida curta demais". Com a ajuda da viúva Teresa, Reng descreveu tudo. A vida inocente de Robert em Jena, quando a RDA era viva, até atingir a Bundesliga no Borussia M"Gladbach, clube que Jupp Heynckes conhece como poucos e de onde o trouxe para o Benfica. Foi ao chegar a Lisboa - onde os Enke pretendiam viver em definitivo no futuro - que Enke mostrou os primeiros sinais de ansiedade. Fechou-se no hotel. Chorou. Queria ir embora. Mas a depressão só lhe ferrou os dentes depois, ao falhar em Barcelona e numa passagem assustadiça pelo Fenerbahçe. Nem a titularidade da Alemanha e o estatuto de herói em Hanover o defenderam da dor. A morte da filha e a doença levaram-no ao momento sem saída, ao suicídio.
Este livro forte fala das fraquezas do homem.