Mélissa Gomes, internacional portuguesa e figura de destaque do Rio Ave para esta temporada, recorda um triunfo histórico. Pela primeira vez, uma equipa feminina pisou o relvado principal do estádio vila-condense e não dececionou na estreia, vencendo o Torreense por 1-0. Motivação para a época está em alta
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O Rio Ave viveu uma tarde inesquecível. Sob chuva intensa, o Estádio do Rio Ave recebeu, pela primeira vez, a equipa feminina no relvado principal, num jogo da Liga BPI. E a estreia em casa não podia ter corrido melhor: vitória por 1-0 frente ao Torreense e os primeiros três pontos conquistados na elite. Entre as protagonistas estava Mélissa Gomes, avançado de 31 anos, reforço de peso para esta temporada. Depois de passagens por Reims e Bordéus, em França, e com 28 internacionalizações pela Seleção Nacional A, a atacante abraçou em Vila do Conde a primeira experiência no futebol português. Em conversa com O JOGO, recorda o triunfo histórico, o projeto vila-condense e os sonhos que ainda guarda.
O que sentiu ao pisar o relvado do Estádio do Rio Ave, sabendo que só isso já era um momento que ficaria na história do clube?
-Foi, sem dúvida, um momento histórico. Fomos a primeira equipa feminina a jogar no Estádio do Rio Ave FC, ainda por cima num jogo da Liga BPI. Senti-me muito feliz e orgulhosa por representar o clube num marco tão importante. E, claro, ter o apoio do público tornou tudo ainda mais especial.
Esse jogo representou também um passo importante para a valorização do futebol feminino em Vila do Conde?
-Sim. O clube tem apostado muito no futebol feminino e trabalha todos os dias para que tenhamos melhores condições. Isso mostra valorização e respeito por todas nós, jogadoras, e é um passo fundamental para o crescimento da modalidade na cidade.
A primeira vitória em casa, e logo frente a um adversário competitivo como é o Torreense, pode ter sido um ponto de viragem para a afirmação do Rio Ave na Liga BPI?
-Ficámos muito felizes por termos conquistado a primeira vitória em casa, sobretudo frente a uma equipa tão forte. Mas sabemos que é apenas o início. O campeonato é muito competitivo. O mais importante é acreditar no processo, corrigir o que temos de corrigir e tornarmo-nos cada vez mais fortes.
Como descreve esse triunfo?
-Foi um jogo em que soubemos sofrer juntas. Toda a equipa foi importante e mostrou grande união. Aproveitámos os momentos certos para virar o jogo a nosso favor. Claro que não foi um jogo perfeito, mas defendemos bem e aproveitámos as oportunidades, mas agora já estamos focadas no que precisamos de melhorar.
O que podemos esperar deste Rio Ave ao longo da temporada?
-Vamos pensar jogo a jogo. O nosso objetivo é lutar sempre pelos três pontos, independentemente do adversário.
O que encontrou em Vila do Conde que a convenceu a abraçar este desafio?
-O clube apresentou-me o projeto e gostei logo da forma como está a apostar no feminino. Aqui, sentimos que somos valorizadas e consideradas. Encontrei um staff ambicioso, que me transmitiu confiança desde o início, e isso fez-me acreditar neste desafio. Espero corresponder às expectativas e dar o meu contributo.
Depois de uma carreira feita em França, que razões a levaram a regressar a Portugal?
-Joguei sempre em França até agora e senti que este era o momento certo para regressar. Queria descobrir o campeonato português e apareceu a oportunidade ideal para o fazer.
Qual tem sido a maior diferença entre jogar em clubes históricos em França e agora representar um emblema tradicional do futebol português, mas que está a dar os primeiros passos no feminino?
-Ainda é cedo para fazer grandes comparações, mas, pelo que já vi, é um futebol que me agrada, com pessoas a trabalhar arduamente para fazer o jogo evoluir de uma maneira sustentada. Em França, o feminino está mais consolidado, mas aqui encontrei algo muito especial: um clube histórico que acredita no feminino.
Que sonhos ainda guarda, seja no Rio Ave, na Seleção ou até a nível pessoal?
-Com o Rio Ave, o meu sonho é ajudar a equipa da melhor forma possível, marcar golos, que é a minha missão, mas, acima de tudo, colocar a minha experiência ao serviço do grupo. Em relação à Seleção, tenho o sonho de voltar e marcar o meu primeiro golo pela equipa A. Seria uma honra enorme. A nível pessoal, quero continuar a crescer e aproveitar cada oportunidade que o futebol me der.