Rubiales quebra o silêncio sobre o caso Hermoso: "Correu bem a Pedro Sánchez"

Rubiales antes do famoso beijo não consentido a Hermoso (créditos: AFP)
Antigo presidente da RFEF assume que devia ter sido mais "frio" no festejo do Mundial feminino de 2023, mas recusa pedir desculpa a Jenni Hermoso, alegando que a jogadora permitiu o beijo não consentido pelo qual acabou afastado do seu cargo e eventualmente condenado na justiça
Corpo do artigo
Leia também Van der Vaart e um pedido de desculpas a Farioli: "Ele é que tinha razão"
Luis Rubiales, ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), quebrou esta quarta-feira um longo silêncio após ter sido condenado a uma multa de 10 800 euros por um beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso nas celebrações da conquista do Mundial feminino de 2023, em Sydney, na Austrália.
Em declarações ao programa de rádio "El Chiringuito", o antigo dirigente, que se demitiu da RFEF na sequência desta polémica, admitiu que esse beijo não foi correto da sua parte, mas voltou a alegar que foi consentido por Hermoso e que tudo não passou de uma "cortina de fumo" da extrema-esquerda espanhola, visando assim o presidente do governo, Pedro Sánchez.
"Foi desacertado, não estive bem. A partir daí, tudo se montou de uma maneira desorbitada, distorcionada, levada à máxima potência... com uns interesses. Foi mais do que merecia. Eu mantenho-me na mesma. Peço perdão, não o volto a fazer e, como presidente, devia ter estado mais frio, mais institucional, mas não peço perdão a Jenni Hermoso, porque perguntei-lhe e ela disse: 'Vale'. Jenni e eu sabemos que o que diz a sentença, não é assim. Não vou mudar o meu primeiro testemunho, como ela fez. Foi um beijo de emoção, sem nenhuma conotação sexual. Jenni era uma boa amiga", começou por defender.
"Vi um movimento imediato da extrema-esquerda deste país, com uma mudança de guião imediata. Pedro Sánchez, para ser eleito, precisava da ajuda dos independentistas e teve de lhes dar a amnistia. [Este caso ter surgido] Correu-lhe bem, para falar de outra coisa. Foi uma cortina de fumo. Meios que recebem quantias importantes da liga avançaram contra mim. Vi que a extrema-esquerda, com essa hipocrisia de elevar a potência uma coisa menor... foram claramente atrás de mim", acusou.
Rubiales referiu ainda que recebeu muito apoio interno logo após o rebentamento deste escândalo, inclusive de colegas de seleção de Hermoso e do seu eventual sucessor na liderança da RFEF, Rafael Louzán, que acusa de o ter traído. Também Luis de la Fuente, selecionador masculino de Espanha, é visado.
"Tenho [mensagens no] Whatsapp de várias jogadoras, de esposas, do corpo técnico, de todos aqueles que depois estavam numa situação difícil e que tiveram de entrar nessa corrente, davam-me ânimo. Louzán disse-me que estava lá para o que precisasse. Depois, disse coisas diferentes. Mentiu, claramente. Aprendi claramente que há gente que está lá sempre e gente que te pergunta o que precisas e que depois te apanha pelas coisas. De la Fuente? Temos que o medir pelo seu trabalho como selecionador. Ele sabe perfeitamente o que me deu. Eu teria agido de outra maneira. É algo entre ele e eu", concluiu.
