A avançada brasileira de 21 anos é uma das caras novas do Valadares esta época. Com sete golos marcados, Palominha admitiu que as lesões do passado contribuíram para ficar "melhor e mais forte"
Corpo do artigo
Paloma Lemos, mais conhecida por Palominha, tem sido um dos destaques da Liga BPI. Na primeira experiência fora do Brasil, a avançada confidenciou o problema que teve no coração e a importância do futebol para o superar.
Quando é que surgiu a paixão por jogar futebol?
-Começou quando eu tinha seis anos, mais ou menos. Nessa altura, os meus pais compraram uma casa em frente a um campo de futebol e eu comecei a perceber esta paixão. Tinha vontade de ir para lá todos os dias e os meus pais nunca me proibiram. Depois decidiram inscrever-me numa escola e foi aí que tudo começou. Antes de tudo isto, ainda superei um problema de saúde.
"Jogar futebol, por exemplo, era uma coisa que eu estava proibida de fazer. Mas eu contrariei isso e, nos dias de hoje, eu e os meus pais dizemos que o futebol salvou a minha vida"
Que problema foi esse?
- Quando era pequena tive um problema no coração. Tinha três anos e o meu coração já tinha mais idade, batia mais rápido do que o normal. Na altura, o médico disse que eu precisa de fazer um transplante para conseguir viver, e nessa fase até tive de ir para a fila de transplante para conseguir uma vaga para a operação. Mas foi então que aconteceu um milagre, o tempo foi passando e eu comecei a ficar melhor, contrariando todas as expectativas médicas. Jogar futebol, por exemplo, era uma coisa que eu estava proibida de fazer. Mas eu própria contrariei isso e jogava muitas vezes no campo em frente à minha casa. Como eu e os meus pais dizemos, o futebol salvou a minha vida. Não só não precisei do transplante, como me sinto realizada a praticar este desporto.
Tudo isso contribuiu para saber que o futebol é uma escolha para o futuro?
-Sim, tudo ajudou. Mas também me recordo de quando passei nos testes do Centro Olímpico, o primeiro clube onde estive. Na altura tinha 12 anos e foi quando comecei a levar mais a sério este desporto e a perceber o que queria. As atletas lá eram as melhores.
O Valadares é a primeira experiência fora do Brasil, como é que está a ser?
-Está a ser uma experiência muito boa, um desafio enorme que estou a gostar.
No primeiro ano longe do seu país o quê que tem sido mais difícil?
-A coisa mais difícil é lidar com as saudades da minha família. E mesmo no Natal tive de ficar aqui. E acredito, aliás, que esse foi o meu maior desafio. Nunca tinha passado um Natal fora de casa. Para além disso, o mais difícil aqui é o frio. Acho até que ainda não me habituei.
"As coisas mais difíceis de lidar é com as saudades da minha família e com o frio de Portugal. Acho que ainda não me habituei"
Tirando o frio e a distância, o que está a gostar mais de Portugal?
-Eu gosto de tudo, da cultura, da segurança mas, sobretudo, da forma como os portugueses levam a vida, das oportunidades que têm aqui.
Quando surgiu o convite do Valadares aceitou com facilidade? Pareceu-lhe uma boa oportunidade?
-Quando surgiu a proposta eu fiquei extremamente feliz e empolgada por ser o maior desafio da minha carreira. Achei uma boa oportunidade de começar a crescer fora do meu país.
Nesta temporada é a melhor marcadora do Valadares e a segunda melhor da série Norte. Está a ser uma época de sonho?
-Sim, está a ser uma temporada brilhante a nível individual, mas não posso de deixar de falar sobre as minhas colegas de equipa que me estão a ajudar muito para obter estes resultados.
Acredita que o Valadares tem condições para garantir um lugar na fase de campeão?
-Sim, o Valadares tem todas as condições para passar entre os quatro primeiros lugares. E, para além disso, eu acredito que a equipa está a fazer um bom trabalho para isso acontecer.
Que objetivos tem para o resto da temporada a nível pessoal?
- A nível pessoal o meu maior objetivo é fazer mais golos. Tenho consciência que se eu conseguir fazer isso também vou contribuir para o sucesso da equipa, que é uma grande objetivo.
Palominha deu os primeiros passos no futebol no Centro Olímpico. Seguiu-se o Chapecoense, Vitória de Santo Antão, Sport, Iranduba e Botafogo. Esta época está no Valadares
Ambiciona ser novamente chamada à seleção brasileira?
- É sempre um sonho representar o meu país e uma honra, se isso acontecer eu vou ficar muito feliz. Anteriormente representei a seleção brasileira, entre 2013 e 2017, nos escalões sub-15 e sub-17. Para além disso, também já fui convocada uma vez para a equipa principal.
Em todo este percurso como jogadora, houve algum momento em que as lesões atrapalharam?
- Já tive duas lesões bastante graves. Uma quando tinha apenas 13 anos, nessa altura parti a perna. A outra lesão que tive foi em 2018, uma rotura dos ligamentos do joelho. Eu particularmente nunca pensei parar, sempre fui otimista de que ia voltar ainda mais forte. Mas recordo-me que quando parti a perna, os médicos ficaram com muito medo porque eu era muito nova e as sequelas podiam ser profundas. Mas, mais uma vez, recuperei e voltei mais forte.
Se não jogasse futebol, imaginava-se a fazer o quê?
- Desde que comecei a jogar futebol, nunca mais pensei em fazer outra coisa.