Gabriela Zidoi, médio de 22 anos, chegou a Ourém esta época, proveniente da Ucrânia, e deseja atuar nos grandes palcos
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A história de Gabriela Zidou podia muito bem não ser esta, não fossem os irmãos a passar-lhe o bichinho da bola. No início, nem tudo foi um mar de rosas. A brasileira queria perseguir uma carreira no futebol, porém, devido à escassa aposta nos escalões femininos, Gabriela teve de driblar duas barreiras: a da família e do preconceito.
"O meu pai incentivou-me sempre, mas os meus irmãos e a minha mãe não gostavam muito pelo facto de só conseguir jogar se fosse com rapazes. Contudo, quando viram que até tinha jeito e que era mesmo aquilo que eu amava, apoiaram-me em tudo. Fui chamada de "Maria homem". Discriminação, infelizmente, sempre existirá. Passei por situações em que duvidavam de mim e até me colocavam de lado, mas nada disso foi motivo para atrapalhar o meu sonho. Tinha a certeza de que iria conseguir, e hoje estou aqui."
A médio, de 22 anos, chegou a Portugal em 2018 e por cá tem ficado. A brasileira vestiu as camisolas do Fófó, Atlético, Condeixa e, mais recentemente, o Kryvbas, da Ucrânia, onde passou tempos difíceis. Esta temporada, Gabriela regressou a Portugal pela porta do Ouriense e tem protagonizado uma excelente época, sendo uma das atletas mais utilizadas do plantel. "O Ouriense é um clube com muita história e é uma equipa com um passado vencedor. Sei que vamos chegar longe, pois somos umas vencedoras. Estou numa boa fase e sinto que é fruto de muito trabalho. Agradeço ao míster César pelo reconhecimento e por me ter dado oportunidades ", diz Gabriela.
No futuro, a promissora jogadora sonha em representar a seleção canarinha e em pisar os relvados da Liga dos Campeões. "Não vou mentir, vejo-me na seleção. Também quero atuar num grande clube, não desvalorizando o Ouriense. Desejo disputar a Liga dos Campeões e partilhar o relvado com grandes jogadoras", assume a atleta.
Na Ucrânia viu o melhor e o pior
Na temporada passada, Gabriela atuava no campeonato ucraniano, ao serviço do Kryvbas, quando a guerra rebentou. A atleta revela a OJOGO que, apesar das aprendizagens, viveu um dos piores momentos da carreira. "Foi uma experiência incrível, mas com um final conturbado. Estava no meu melhor momento e num clube fantástico. Diria que, se não fosse a tragédia, poderíamos ter alcançado a Liga dos Campeões. O momento em que soube que a guerra tinha começado foi um dos piores da minha vida. Levo aquele lugar no coração", afirma.
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