Carlota Cristo, jogadora do Damaiense, outrora reconhecida como uma avançado goleadora, recuou no terreno e atua esta época como médio defensivo
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Carlota Cristo é um nome forte na Liga BPI. Aos 26 anos, a internacional jovem portuguesa é uma das capitãs do Damaiense. Apesar de ter desempenhado principalmente o papel de avançado ao longo da carreira, esta época, com a chegada do treinador Thorlákur Már Árnason, viu-se deslocada para uma nova posição. Em entrevista a O JOGO, a tavirense, que já participou em 19 jogos, explora a transição para a nova posição, realça a coragem demonstrada pela equipa ao longo da temporada e partilha os planos futuros.
Na última jornada da Liga BPI, o Damaiense bateu o pé ao líder Benfica e alcançou um empate a um golo. Foram apenas a quarta equipa a roubar pontos às águias esta temporada, a nível interno.
-A verdade é que o Benfica é a melhor equipa em Portugal e não podemos negar isso. Realizámos o nosso trabalho e acredito que a chave foi a coragem. O resultado poderia até ter pendido para o nosso lado, mas no final, penso que foi um jogo muito disputado e o empate foi justo.
Como se sentiu ao defrontar o seu antigo clube, onde conquistou troféus e se mostrou para o futebol?
-Não escondo, nem nunca escondi, que o Benfica é o clube do meu coração. Vestir aquela camisola foi, sem dúvida, a realização de um sonho. Sou imensamente grata ao Benfica por me ter dado essa oportunidade e guardo um carinho muito especial por todos lá.
O Damaiense tem protagonizado uma temporada tranquila e ocupa o sexto lugar na Liga BPI. Poder-se-ia dizer que essa coragem que a Carlota mencionou tem sido uma marca da equipa esta temporada?
-Temos uma equipa muito unida, com dinâmicas bem estabelecidas e vontade de enfrentar qualquer desafio. Essa coragem e força são, sem dúvida, os nossos pontos fortes. Nunca desistimos. No entanto, claro que há sempre espaço para melhorias. Somos uma equipa jovem e há sempre margem para crescer.
Quais são os objetivos para o que resta da época?
-Os objetivos do clube passam muito por conquistar o máximo de pontos possível e assegurar uma posição ainda mais confortável na tabela classificativa.
A Carlota é uma das atletas mais destacadas do Damaiense, pelo vasto currículo nacional e internacional, e é também uma das capitãs. Sente uma responsabilidade acrescida?
-Não sinto que exista uma pressão adicional por ter passado por clubes de alto calibre. Contudo, creio que consigo transmitir para algumas das minhas colegas, tanto dentro como fora de campo, alguma responsabilidade e os valores que absorvi nesses clubes. Como uma das capitãs, é também importante passar esses princípios.
Como é que tem lidado com a transição para a posição de médio-defensivo, depois de ter sido avançado durante grande parte da carreira?
-Tem sido um desafio. Com a chegada do novo treinador, mudei de posição e tenho jogado mais como médio defensivo. São posições muito distintas, mas estou determinada a contribuir para a equipa da melhor forma possível. Se o treinador acredita que esta posição me favorece e que posso ser útil, então estou totalmente comprometida com isso.
Durante o seu percurso, enfrentou duas lesões graves nos joelhos, o que a obrigou a passar por longos períodos de recuperação. Ainda sente os efeitos desses momentos?
-São experiências. Infelizmente, as lesões são uma realidade incontornável no desporto. Lidar com duas lesões graves nos joelhos foi uma verdadeira prova de resistência. No entanto, com o apoio infatigável da minha família e amigos, consegui superar esses obstáculos e continuar a jogar ao mais alto nível.
Quais são os próximos passos para o futuro da Carlota?
-Tenho o objetivo de procurar oportunidades além-fronteiras e construir uma carreira fora do país. Apesar de adorar Portugal, sinto que preciso de dar esse salto. Para além disso, pretendo manter um bom nível de desempenho, evitar lesões e, sobretudo, ser feliz a jogar futebol.
“Desigualdade de condições é uma questão importante”
A Liga BPI tem vindo a crescer nos últimos anos e Carlota partilha as perspetivas sobre o futuro da competição. “É extraordinário ver o contínuo crescimento da Liga BPI, tem-se tornado cada vez mais competitiva e robusta”, observa a médio do Damaiense, que destaca a estrutura sólida como um dos pontos fortes. No entanto, reconhece que ainda há áreas a serem melhoradas. “Um dos pontos vigorosos é a organização positiva que permite trazer para cá jogadoras que fazem com que a liga se torne mais competitiva. Porém, a desigualdade nas condições físicas em comparação com as ligas masculinas é uma questão importante. Embora nem sempre seja fácil equiparar as condições, devemos esforçar-nos para melhorar sempre que possível”, alertou.