Tânia Mateus mudou-se para o futebol grego e a experiência não poderia estar a correr melhor
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O país é a Grécia, a cidade é Creta. O clube é o Rethymniakis Enosos, que disputa a primeira divisão do futebol feminino helénico. A unir estes marcos está Tânia Mateus, internacional jovem portuguesa que se revelou e assumiu no Marítimo. É com simplicidade que a avançado de 25 anos explica a O JOGO esta opção.
O que a inspirou, nesta fase da carreira, a aceitar o desafio de jogar na Grécia?
-O que me fez mudar foi, em particular, um desafio pessoal que já vinha a ponderar há algum tempo. Estava à procura de jogar no estrangeiro e testar-me num novo ambiente. Sou uma pessoa que adora conhecer novas culturas e novas tradições .
E a mudança revelou-se acertada?
-Sim, o apoio e as infraestruturas aqui são espetaculares e em Portugal é difícil encontrar isso. Aliás, o auxílio da comunidade grega para o futebol feminino é muito bom e sentimos isso até quando estamos a caminhar na rua. Sei também que este ano mudou muita coisa, mas a nível de infraestruturas nunca nos faltou nada. Tenho a minha própria casa, refeições, balneário para a equipa feminina... várias coisas que poderia mencionar que não experienciei em Portugal.
Sente que a experiência anterior no futebol português a preparou de alguma forma para esta nova etapa?
-Passei toda a minha vida a jogar em Portugal e posso afirmar com toda a certeza que isso me preparou em todos os níveis, especialmente a nível emocional. Cheguei aqui com muita vontade de aprender e, sem dúvida, com uma visão muito aberta, pois gosto de me desafiar. Vim em busca da Tânia que sempre fui, com muitos dribles e finalizações, e encontrei-a. Estou confiante e com uma mentalidade muito forte.
Isso reflete-se no relvado. A Tânia tem dado nas vistas ao serviço do Rethymniakis Enosos e soma 12 golos e cinco assistências em 15 jogos.
-A nível pessoal, tinha como objetivo marcar 10 golos e, felizmente, já o consegui. Agora, o meu objetivo é chegar aos 20. Em termos de jogo, não senti grande diferença entre o futebol português e o grego. O que realmente me surpreendeu foi o facto de serem tão semelhantes e competitivos. Ambos valorizam muito a posse de bola e a construção de jogadas, assim como o jogo direto, algo com que já estava bastante familiarizada.
Como é o ambiente do futebol grego? Há a reputação dos adeptos viverem o futebol de forma muito intensa.
-Fui apanhada de surpresa quanto ao apoio nas bancadas aqui na Grécia. As pessoas vibram muito, e logo no primeiro jogo contra o Panathinaikos foi incrível, muito parecido com o masculino. Entraram com várias tochas e instrumentos para fazer muito barulho.
Como jogadora profissional há vários anos, como encara as disparidades salariais e de recursos entre o futebol masculino e feminino, não só em Portugal e na Grécia, mas também a nível global?
-As disparidades salariais entre o futebol feminino e masculino são um tema sempre em debate. Acredito que estamos a fazer progressos ano após ano nessa questão, e tem havido algumas mudanças positivas. Não podemos esperar resolver tudo de um ano para o outro. Estamos a conquistar o nosso espaço. É crucial que a indústria do futebol, os patrocinadores e os órgãos reguladores trabalhem juntos para garantir salários mais equitativos e oportunidades iguais para todos os atletas, independentemente do género.
Como perspetiva o seu futuro no futebol?
-Bem, no início, quando era mais nova e dizia que queria ser jogadora de futebol, uma parte da minha família tinha dúvidas devido às dificuldades financeiras associadas à profissão. Por isso, o meu lema é desfrutar.