Beatriz Fonseca, conhecida por "meio metro": "Sempre gostei de jogar com rapazes"
A tirar a licenciatura em Recursos Humanos, Beatriz Fonseca, avançada de 22 anos, está no Estoril desde 2016/2017. Passou pela experiência de jogar em equipas mistas e recorda-se de ser "protegida pelos colegas rapazes"
Corpo do artigo
Beatriz Fonseca, mais conhecida por "meio metro", tem 1.56 cm, mas muitos sonhos por conquistar. É a melhor marcadora do Estoril na presente temporada, com três golos, e acredita que a "mulher está a ganhar cada vez mais espaço no futebol".
Como é que começou esta caminhada pelo mundo do futebol?
- A paixão pelo futebol foi algo que me acompanhou desde sempre. Desde que me conheço que a bola era o meu presente predileto. Tive a sorte de crescer com um ringue de futebol ao lado de casa, e uns pais que sempre me apoiaram. Recordo-me em pequenina de pedir ao meu pai para irmos ver os jogos de futebol dos miúdos ao domingo. A determinada altura um amigo nosso convidou-me a ir experimentar um treino na equipa da Guarda Desportiva, clube onde comecei a dar os primeiros passos como federada no escalão Infantil.
Ter de jogar com rapazes nunca foi um problema?
-Na verdade guardo excelentes recordações dessa altura, sempre gostei de jogar com rapazes. Nunca me senti discriminada, pelo contrário, sempre fui bastante acarinhada e protegida pelos meus colegas de equipa. Era a "menininha deles".
É conhecida como "meio metro", como é que surgiu essa alcunha?
-Na altura era a mais pequenina da escola e em tom de brincadeira surgiu a alcunha "meio metro" e assim ficou.
Está no Estoril há várias épocas. Como tem sido este capítulo na carreira?
-Caminhando agora na quinta época consecutiva no Estoril posso afirmar que tem sido um processo de aprendizagem contínuo e muito gratificante. Sinto que é um clube que me permite crescer a todos os níveis, que me valoriza e me transmite a confiança necessária para ser feliz a jogar.
A posição de avançada, acarreta maior responsabilidade ?
- Em primeiro lugar sinto a responsabilidade em ajudar a equipa. Claro que jogando numa posição mais ofensiva a função de finalizar acresce maior responsabilidade. No entanto, é tão importante para mim marcar golo como assistir para uma colega em melhor posição, no final o mais importante é a equipa sair vencedora. Por norma não variei muitos os meus posicionamentos entre extremo ou ponta de lança, acabando sempre por jogar num setor mais ofensivo.
Para além do futebol, ocupa o dia com outra atividade?
- Neste momento estou a terminar a licenciatura em Gestão de Recursos Humanos. Tendo em conta que a minha atividade desportiva é no horário pós-laboral permite-me, com algum esforço e organização, conciliar o futebol e os estudos.
Nesta altura da temporada, que objetivos tem traçados?
- Coletivamente espero que a equipa chegue o mais longe possível. Individualmente, desejo estar no meu melhor para contribuir para o sucesso da equipa e continuar a crescer.
O quê que é mais difícil sendo mulher neste mundo do futebol? Acha que ainda é uma modalidade com pouco reconhecimento?
- Na minha opinião já se foi mudando essa mentalidade e sinto que a mulher vai ganhando cada vez mais o seu espaço no mundo do futebol. A realidade do futebol feminino aproxima-se do mundo do futebol masculino, procurando-se cada vez mais a igualdade.