António Costa pede 15 dias e deixa aviso: "Temos de aprender a conviver com o vírus"
António Costa falava na Assembleia da República momentos antes de os deputados votarem o pedido do Presidente da República de autorização de prorrogação do estado de emergência em Portugal até 2 de maio.
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O primeiro-ministro afirmou esta quinta-feira que os próximos 15 dias são "decisivos" para que Portugal entre numa nova fase, que poderá durar um ano e meio, reanimando gradualmente a economia, mas sem deixar reativar a pandemia de covid-19.
António Costa falava na Assembleia da República momentos antes de os deputados votarem o pedido do Presidente da República de autorização de prorrogação do estado de emergência em Portugal, por um novo período de 15 dias, até 2 de maio.
"Temos de começar a reanimar a economia, mas sem deixarmos descontrolar a pandemia", declarou o líder do executivo, frisando, no entanto, que o país poderá ter de conviver com o novo coronavírus por um período ainda longo de um ano ou um ano e meio.
Segundo António Costa, se os últimos 30 dias foram cruciais para cumprir o objetivo de contenção da propagação do novo coronavírus sem matar a economia, os próximos 15 dias "são decisivos" para preparar o novo período de levantamento gradual das restrições à circulação e à atividade económica.
No seu discurso, que antecedeu a aprovação da prorrogação do estado de emergência, o primeiro-ministro defendeu que "é importante começar-se agora a olhar para o futuro".
"Com grande probabilidade, em menos de um ano ou ano e meio, não teremos disponível uma vacina no mercado. Significa isto que vamos ter de viver ano, ou ano e meio, com a ameaça permanente deste vírus e, portanto, de um risco de pandemia. Mas sabemos também que não podemos viver mais um ano, ou ano e meio, em estado de emergência permanente, ou em estado de contenção continuada", observou.
Por essa razão, nas próximas duas semanas, Portugal tem de começar a preparar o seu próximo ano ou ano e meio.
"Temos de aprender a conviver de modo seguro com o vírus. Por isso, os próximos 15 dias são fundamentais para que maio possa ser o mês que, de forma gradual, progressivo e seguro, se recomece não a normalidade da vida, que essa só se poderá ter quando houver vacina, mas retomar-se a capacidade de poder viver em condições de maior normalidade com a garantia de que a pandemia se mantém controlada", acrescentou.
O primeiro-ministro disse hoje esperar que a segunda prorrogação do estado de emergência seja a última e defendeu que Portugal se deve orgulhar pela forma como está a ultrapassar esta fase excecional de combate à covid-19.
"Espero sinceramente que esta seja a última vez na nossa vida que estejamos aqui [no parlamento] a debater o decretar do estado de emergência", declarou António Costa no discurso que encerrou o debate sobre o pedido de autorização do Presidente da República para a prorrogação por mais 15 dias, até 2 de maio, do estado de emergência em Portugal.
O primeiro-ministro defendeu que, "em 46 anos de democracia, em 44 anos de Constituição, esta foi a primeira vez que foi necessário decretar o estado de emergência, renová-lo" por dias vezes.
"Esperemos que seja a última. Podemos orgulhar-nos como a nossa democracia soube viver a liberdade da Constituição e também aplicar a autoridade da Constituição quando ela foi necessária, no estrito limite do necessário e nunca mais do que aquilo que foi adequado e proporcional. Isso é um motivo de orgulho e da força do nosso 25 de Abril", considerou o líder do executivo.
Momentos antes de a Assembleia da República aprovar a segunda prorrogação do estado de emergência, o primeiro-ministro deixou um apelo aos deputados: "Devemos dizer, como sempre, que é em abril que ganhamos a nossa liberdade".
"E é no esforço final que fizermos nos próximos 15 dias que vamos conseguir recuperar a liberdade das nossas vidas. Essa liberdade urge para as nossas vidas, para a nossa economia e para o nosso futuro", acrescentou.