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A influência de Lucho González deixou de ser um dado subjetivo. Os números não enganam: consigo as equipas são muito mais fortes. Foi assim com o FC Porto e com o Marselha. Os dragões melhoraram, e muito, desde a sua chegada no final de janeiro. Tanto que recuperaram a liderança e estão, nesta fase, numa posição invejável para garantir o título. Por outro lado, os franceses caíram a pique desde que saiu. Já lá vão 12 jogos consecutivos sem ganhar...
O argentino tem uma espécie de Toque de Midas. Aquilo em que toca transforma-se em ouro. E o contrário também é verdade... Jesualdo Ferreira que o diga, pois perdeu o campeonato na época imediatamente a seguir à sua venda. O Marselha está a provar do mesmo nesta segunda metade da época. Depois da sua saída, os franceses ganharam apenas três dos 17 jogos disputados, nas várias provas. Com El Comandante, o Marselha era quinto no campeonato - lugar europeu - e estava a nove pontos do líder PSG. Agora está a 26 do Montpellier (ultrapassou os parisienses) e a oito do último lugar de acesso à Liga Europa, que ainda pode conquistar via Taça da Liga. O apuramento para esta final foi conseguido no dia posterior à saída do argentino. Ou seja, ainda em piloto automático a equipa não sentiu imediatamente a sua falta e aguentou cinco jogos sem perder. Desde então passaram doze e o melhor foi um empate em Nice. Neste período deixou de lutar pelo título, foi eliminado da Liga dos Campeões e até saltou da Taça de França aos pés do modesto Quevily, do terceiro escalão.
Inversamente, o FC Porto cresceu. Só ao Benfica ganhou nove pontos. E derrotas só mesmo contra o poderoso Manchester City e com os encarnados, para a Taça da Liga. Ainda que muito se tenha discutido acerca do seu posicionamento mais ou menos adiantado, e que o seu rendimento nem sempre seja aprovado, os números falam por si. O médio foi sempre titular e em 11 jogos já marcou três golos, a média que lhe era reconhecida antes de partir para França. E atenção, já ultrapassou todos os outros médios no que respeita a essa eficácia. Moutinho tem os mesmos três golos, mas em 40 jogos. Defour conta dois e Guarín, Belluschi e Fernando só marcaram um. Souza nenhum.
Desde a primeira passagem de Lucho pelo FC Porto que lhe são reconhecidas capacidades que extravasam o domínio técnico-tático, onde a sua qualidade também é inegável. Ao argentino, é atribuído um papel fundamental no seio do balneário, pela influência que tem junto dos companheiros. Por isso também a alcunha de El Comandante lhe assenta como uma luva.
Todos aqueles que se pronunciaram a propósito da transferência do jogador foram unânimes. Steve Mandanda, guarda-redes do Marselha, parecia já antever, a 31 de janeiro, o cataclismo do seu clube. "Fiquei desapontado. Vamos ter saudades dele. É uma grande perda", clarificou. Didier Deschamps, o treinador, também sublinhou que foram as questões económicas a ditar o desfecho. "A lógica financeira prevalece sempre", lamentou, um dia depois do diretor-desportivo do Marselha, José Anigo, ter vincado a sua influência no balneário. "É um grande profissional e um homem extraordinário no balneário. Ele ficará conhecido como alguém que devolveu o título de campeão a Marselha. E isso é enorme", disse.
E, por falar em liderança, o próprio Vítor Pereira afirmou que Lucho veio ajudar. "Tem muitos anos de FC Porto e é natural que venha ajudar na gestão do balneário", disse.
Sete anos a jogar na Europa e sempre a somar títulos
Lucho está na sétima época na Europa e até nesta já conquistou um troféu, no caso a Supertaça de França. O argentino é sinónimo de conquistas e nunca ficou em jejum. Em 2005/06, época de chegada, foi logo campeão, ajudando o FC Porto a recuperar um título perdido na temporada anterior para o Benfica. Quatro épocas em Portugal valeram quatro campeonatos, duas Taças de Portugal e uma Supertaça. Em 2009/10 estreou-se no Marselha e o clube foi campeão, 14 anos depois. Nessa época também ganhou a Taça da Liga, que repetiu um ano mais tarde. Em França tem também duas Supertaças.
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