Borevkovic e as declarações do presidente do Vitória: "Senti-me injustiçado. É lamentável"
ENTREVISTA, PARTE I - Croata perplexo com ideia de António Miguel Cardoso, que disse que havia vaidade no balneário do Vitória. Central diz que nunca foi abordado para renovar, mas salienta que se sente feliz por ter deixado dinheiro nos cofres. E assinala que os jogadores que saíram nunca disseram mal do clube ou do presidente
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A partir da Turquia, onde veste a camisola do Samsunspor, Borevkovic sentiu-se injustiçado quando ouviu o presidente do Vitória, António Miguel Cardoso, a referir-se aos jogadores que saíram recentemente do clube, atribuindo-lhes uma dose de vaidade incompatível com o crescimento da equipa. Rebate a acusação e conta o processo de saída, explicando que nunca lhe foi proposta a renovação.
Disse que nunca houve conversações com o Vitória para renovar. Esse cenário nunca esteve em cima da mesa?
-Comigo ninguém falou, nenhuma vez, sobre a possibilidade de renovar. Já estava a entrar no último ano do contrato, não houve nenhuma tentativa. Tenho de olhar pela minha vida. Chegou a proposta [do Samsunspor] e fico satisfeito, porque também entrou algum dinheiro no clube. Não saí a custo zero.
Mas ficou triste por não terem conversado consigo? Ou encarou a saída com naturalidade?
-Encarei com naturalidade. Todos sabemos que o Vitória está a virar a página. Está a dar muitas oportunidades aos jogadores jovens. Quase ninguém ficou, é a vida. É a vida do futebolista, é o caminho de qualquer clube. Não há nada de mal para dizer nem há ressentimentos, foi tudo natural.
Como é que vê todas estas saídas do Vitória?
-Em cada janela de transferências, qualquer jogador pode sair. Todos sabemos do estado financeiro do Vitória. Em cada janela, saíram três, quatro jogadores, sempre. Foi difícil lidar com isso, porque quando olhamos para os jogadores que jogaram juntos nos últimos dois anos, podia-se ter criado uma equipa que podia lutar pelos primeiros lugares. Mas a situação financeira do Vitória não é muito boa, o clube tinha de vender. É uma pena, porque merece estar sempre lá em cima e vai precisar de tempo para recuperar a saúde financeira. Mas acho que nos últimos dois, três anos, com os resultados que tivemos, ajudámos nas vendas dos jogadores para o Vitória ganhar dinheiro. Com o tempo, o Vitória vai voltar para os lugares em que deveria estar sempre.
António Miguel Cardoso disse que o balneário precisava de menos vaidade. Como é que encarou estas palavras?
-Senti que o presidente falou de todos os jogadores que saíram e senti-me injustiçado. É lamentável e não havia necessidade de falar assim, já que todos eles faziam parte de um grupo que teve resultados históricos. E nenhum deles falou mal do clube ou dele, todos tiveram respeito. Não percebo o que levou o presidente a atacar quem saiu. Todos, como grupo, passámos muitas instabilidades, mudanças de treinadores, muitas dificuldades. Dizer isso de nós é lamentável.