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N'O JOGO de ontem tanto Mourinho como Jorge Jesus defenderam - e bem - Cristiano Ronaldo. Mourinho tinha de defender (já o atacou bastante) mas já Jorge Jesus a isso não era obrigado.
Muitos portugueses têm uma relação perversa com o Cristiano Ronaldo. Não gostam dele e irritam-se com a maneira de ser dele mas, ao mesmo tempo, esperam que faça milagres e marque golos.
A minha querida cunhada Teresa disse, com a razão dos factos, que Portugal só ganhou (contra a Coreia do Norte) quando Cristiano Ronaldo cantou o Hino Nacional. Porque é que ele não o canta sempre?
Será porque Portugal, antes de ele se ter mostrado um génio do futebol, nunca ter feito nada pela família dele ou por ele? Será porque os portugueses, tal como os ingleses e os espanhóis, embirram com o narcisismo, a petulância e a arrogância do homem?
É de certeza. Mas, nesse caso, excluam-no. Tenham a coerência de dizer que não querem uma personalidade daquelas na Selecção Nacional. Não sejam hipócritas. Não queiram no saco e no papo.
A bem ver, Cristiano Ronaldo fez muito mais por Portugal do que Portugal - e nós portugueses - fizemos por ele.
Obrigados, Cristiano Ronaldo. Muito obrigados - e, além disso, mais nada deveríamos dizer.
Nos jogos de hoje o Uruguai vai tentar eliminar o Gana e a Holanda vai tentar não ser eliminada pelo Brasil. Todas as paixões portuguesas, pelo que tenho consultado, vão no sentido de uma final Brasil-Argentina em que ganhe o Brasil, por muito que a Argentina mereça ganhar.
As excepções são os portugueses - como o Carlos Quevedo e o Rui Zink - que já foram à Argentina e, por conseguinte, ficaram toldados. Os portugueses que ainda não sucumbiram ao encanto de Buenos Aires estão sãos e salvos - mesmo os que nunca foram ao Brasil.
O Uruguai-Gana não interessa nada. Passe quem passou. Mas a Holanda tem de ser burocraticamente despachada pelo Brasil. Tal como na sorte de Cristiano Ronaldo, fala-se muito em equipas - mas continuam a ser os jogadores excepcionais que fazem a diferença.
A guerra e a vingança Portugal-Espanha esbate a guerra entre a Europa e a América do Sul. O Brasil e a Argentina - os dois maiores filhos de Portugal e Espanha - têm de disputar a final do Mundial de 2010. E o Brasil tem de ganhar - por muita luta que a Argentina dê. Ou possa dar.