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>Acabaram-se as individualidades, sobram (e bem) os colectivos
Há uma realidade indesmentível que este Campeonato do Mundo tem servido para acentuar: as individualidades, por mais valor que tenham, não conseguem ganhar jogos sozinhos. Portugal com Cristiano Ronaldo, Argentina com Messi ou Brasil com Kaká, já estão fora da prova, sendo evidente que o sucesso só se consegue em colectivo. Essa é, aliás, a matriz genética de selecções como Holanda, Alemanha e Espanha (o Uruguai, não sendo tão forte colectivamente, alimenta-se da raça e do querer, assim como de um... sorteio mais favorável até ao momento do que os restantes semifinalistas), capazes de jogar em bloco e fazendo da organização colectiva um alicerce determinante para o sucesso.
A goleada da Argentina acaba por ser o resultado mais surpreendente de todos os disputados nos quartos-de-final. Em primeiro lugar pela expressão dos números (4-0 é um resultado bastante pesado nesta fase da prova, especialmente para um candidato assumido à conquista do título mundial), mas também pela forma clara e inequívoca como sucedeu. Em vantagem desde os minutos iniciais, a Alemanha soube gerir a posse de bola e os tempos de jogo, deixando a nu as dificuldades que a Argentina sente quando não tem a posse do esférico. Depois das "finais" com Inglaterra e Argentina, os alemães terão pela frente mais um potencial vencedor do título, a Espanha, que frente ao Paraguai voltou a não ser uma equipa dominadora. O penálti falhado por Cardozo marcou totalmente o jogo (os paraguaios estavam por cima jogo), dando início (aí sim) ao carrossel espanhol que ontem teve em Iniesta o seu expoente máximo.
O Gana merecia seguir em frente, mas o Uruguai foi mais feliz na lotaria final, enquanto a Holanda venceu e convenceu frente ao Brasil, mesmo partindo em desvantagem, obrigando os brasileiros a fazerem o que não gostam - correr atrás da bola.