Faiz Subri ganhou o Prémio Puskás e num repente tornou-se famoso a nível mundial, sendo recebido em apoteose na Malásia. "É algo tão grande que não se está preparado", contou o seu antecessor, Wendell Lira, a JOGO. E depois da glória, o que acontece? No caso do brasileiro, uma reviravolta inesperada
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Pelo segundo ano consecutivo, um futebolista desconhecido do grande público ganhou o Prémio Puskás da FIFA, para o golo mais bonito do ano, troféu já arrecadado no passado por Cristiano Ronaldo, Messi ou Ibrahimovic. Depois de o brasileiro Wendell Lira há um ano, foi o malaio Mohd Faiz Subri, jogador de um clube de fim da tabela na liga da Malásia, a ver-se de repente no meio das vedetas mundiais do futebol, graças a um espetacular golo de livre.
Totalmente esmagado pela dimensão do acontecimento, Faiz Subri apaixonou o mundo pela forma humilde, trapalhona, ao mesmo tempo corajosa, como foi receber o prémio na Gala FIFA, em Zurique: sacou do seu telemóvel e, muito nervoso, procurou a mensagem de agradecimento, que leu no seu inglês quase burlesco.
O médio malaio de 29 anos foi depois recebido como um herói no seu país, com centenas de pessoas à sua espera no aeroporto. Sendo o primeiro jogador asiático a conquistar um prémio de tal dimensão, recebeu uma considerável gratificação financeira por parte do governo e da federação de futebol da Malásia. E pronto! Três dias após a Gala FIFA e todo este alvoroço, Faiz Subri fez saber, através da sua conta de Twitter, que regressara aos treinos no Penang FA, nono classificado no último campeonato.
undefined"A fama vai-se embora tão depressa quanto vem e ele deve aproveitar agora para assinar contratos de patrocínio e treinar ainda mais" - Wendell Lira
Em conversa telefónica com o JOGO, Wendell Lira, vencedor de 2105, explicou como se vivem e gerem momentos tão intensos. "Foi uma sensação inexplicável. É algo tão grande que não se está preparado", contou a O JOGO o brasileiro, que entretanto já abandonou o futebol e se tornou jogador profissional de videojogos, com um canal no YouTube. Mas já lá vamos!
"No ano passado, o Messi estava entre os candidatos, o que tornou tudo ainda mais espetacular. Graças a Deus, prezei pela humildade, que foi o que a minha mãe sempre me ensinou. E se mudei alguma coisa, foi para melhor, pois aprendi como um povo pode ser unido e solidário. Os brasileiros fizeram com que eu ganhasse aquele prémio", afirmou Wendell Lira, aconselhando o seu sucessor a desfrutar de cada minuto que está a viver.
"Que o Faiz Subri desfrute deste momento, pois fez milhões de malaios mais felizes. A fama vai-se embora tão depressa quanto vem e ele deve aproveitar agora para assinar contratos de patrocínio e treinar ainda mais", acrescentou Lira.
O jogador, que se destacara com um golo ao serviço do Goianésia, passou por dificuldades mesmo após a conquista do prémio. Lesões sucessivas no joelho direito, a que se juntaram problemas financeiros, fizeram com que decidisse abandonar o futebol. Mas tão depressa quanto se fechou uma porta, outra se abriu, e como consequência da sua ida à Gala FIFA. Numa iniciativa à margem do evento, em Zurique, Wendell Lira aceitou jogar "FIFA" com o campeão do mundo do videojogo e ganhou-lhe... 6-1, recebendo meses depois um convite de uma empresa de marketing para se tornar jogador virtual e ter o seu canal no YouTube. "No começo tive muita vergonha, mas depois soltei-me e evoluí. Adoro jogar e ganho muito mais agora do que quando era jogador. A minha vida mudou radicalmente, para melhor."