No Dia da Mulher, a 8 de março, o plantel do FC Porto foi surpreendido com o show de Ana Silva, freestyler de 22 anos que não se atemorizou em fazer truques com a bola à frente de Casillas, André Silva e companhia. Adepta dos azuis e brancos, a estudante de Desporto sonha ainda fazer um duelo com Cristiano Ronaldo
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A bola sempre foi um brinquedo presente?
Desde sempre. Lembro-me de ter sempre bolas à minha volta em casa. O meu pai jogou futebol e era algo presente. Nunca brinquei com bonecas. Só queria a bola. Acho que só não dormia com ela. Ainda agora. Ando sempre com uma bola atrás. No carro, na mochila...
E dessa paixão nasceu o freestyle...
Quando tinha 11 anos, tentei entrar para a equipa da escola, de futebol, mas recusaram-me porque não sabia dar cinco toques na bola. E, de facto, não sabia. Então decidi que tinha de conseguir fazer aquilo. Comecei a treinar, a ver vídeos, insistir até chegar ao ponto em que estou agora.
E chegou a entrar na equipa?
Nessa altura não, mas depois joguei futsal, na Juventude de Gondomar, e ainda futebol, no Gondim-Maia e também no Leixões. Aos 14 anos, já jogava nos seniores. Pouco depois, deixei de jogar para participar no campeonato nacional, da Red Bull. Mas era a única mulher e fiquei logo com o título de Campeã Nacional.
E usava o freestyle para marcar golos?
Fintava muito. Era sempre a melhor marcadora nos torneios em que participava. Usava as fintas para marcar, ainda mais sendo avançada.
Entretanto deixou de jogar.
Sim. Há dois anos, parti o pé em três sítios. Já jogava só para me divertir, entre amigas, mas correu mal. Estive ano e meio parada. Tive de colocar placas e parafusos. Para voltar ao ativo foi preciso muita força de vontade.
"Dediquei-me ao freestyle porque não sabia dar cinco toques na bola"
E não voltou a jogar?
Não. Agora, faço só freestyle. Por ter partido o pé acabei por colocar em causa os meus estudos e em primeiro está isso. Só voltarei a jogar futebol, eventualmente, depois de terminar o curso.
Como foi a experiência com o plantel do FC Porto, no Dia da Mulher?
Foi excelente. O clube convidou-me, para este projeto original, para mostrar o que valia aos grandes. Aceitei com muito orgulho.
Ia muito nervosa?
Tremia por todos os lados e suava bastante. Só quando cheguei ao relvado é que acalmei. Comecei a interagir com os jogadores e vi logo que são como uma família.
Foi uma surpresa para eles?
Sim, não estavam à espera. Entrei e pus logo a bola a rolar no dedo, enquanto me apresentava e depois comecei a minha exibição.
Os jogadores também participaram. Portaram-se bem?
Foram incríveis. O Alex Telles, o André Silva e o Brahimi foram os que se destacaram mais na técnica do freestyle.
Vê muito do freestyle no futebol atual?
Praticamente nada. São coisas completamente diferentes. Eu não era uma grande jogadora e conseguir tornar-me no que sou no freestyle, mas vejo jogadores profissionais que não fazem metade do que eu consigo fazer.
Qual o jogador preferido no plantel do FC Porto?
Neste momento, o Óliver Torres.
Gostava de fazer um duelo com algum futebolista?
Com o Cristiano Ronaldo. Já tive oportunidade de conhecer o Ricardinho, quando fiz um show no jogo de futsal. Ele é fantástico. E tem um bocadinho de freestyle no jogo dele.
Há muitas mulheres a fazer freestyle em Portugal?
Mais duas ou três, talvez. Mas não gostam muito de aparecer, nunca levaram isto como uma prioridade.
"Braga e Sporting são exemplo no futebol feminino"
Como antiga jogadora, e apaixonada por futebol, Ana Silva tem seguido com atenção o fenómeno do futebol feminino. Elogia o crescimento, mas sublinha que não tem planos para regressar aos relvados. "Tem sido muito bom. A entrada de Braga e Sporting no futebol feminino foi excelente e devia servir de exemplo para outros grandes pensarem nisso. Voltar a jogar? Não tenho ambições para isso neste momento. Prefiro focar-me no freestyle. Dá-me outro tipo de prazer."