Piloto português deixa o MotoGP ao fim de sete temporadas e vai para as Superbikes. Triste por sair, mas também entusiasmado com o futuro
Miguel Oliveira deixou uma mensagem após a última corrida no MotoGP, em que foi 11.º classificado no Grande Prémio de Valência. O Falcão diz-se entusiasmado com o novo desafio nas Superbikes, mas lamentar sair do MotoGP, onde acredita que ainda tinha muito para dar.
"Foi uma boa corrida de despedida. Fizemos alguns ajustes no warm-up, senti a moto muito melhor e isso confirmou-se na corrida. Tive um ritmo bom e consistente. Começando tão atrás, fiquei contente por ter recuperado tantos lugares. Foi uma corrida em que desfrutei, uma boa forma de despedir-me dos meus fãs e também da equipa. O Jack [Miller] ficou no top-10 e eu fiquei perto, por isso foi um bom dia para nós. Sinto-me entusiasmado pela nova aventura, mas também triste por sair. É um misto de emoções. Enfrento este novo desafio com uma sensação de medo, mas também de entusiasmo. É triste, porque sinto que ainda tenho imenso potencial neste paddock e sair assim não é fácil. Mas hoje foi um bom dia, um dia de celebração e estou feliz por terminar assim. Tive a carreira que muitos pilotos apenas podem sonhar. Tive o privilégio de ganhar em diferentes categorias e fiz parte de grandes equipas que me ajudaram a extrair o meu melhor potencial, especialmente no Moto3 e Moto2. Estou grato a muitos fabricantes, a muitas equipas e a muitas pessoas que conheci ao longo destes anos, que me ajudaram a dar o melhor de mim. Tudo o que eu conquistar no futuro será também o resultado de todas estas experiências", afirmou, citado pela assessoria de imprensa da Prima Pramac Yamaha.
Miguel Oliveira diz adeus ao Mundial de velocidade após 15 épocas e 17 vitórias
O piloto português Miguel Oliveira despediu-se hoje do Campeonato do Mundo de velocidade após 15 temporadas, em que percorreu as categorias de 125cc, Moto3, Moto2 e MotoGP, num total de 247 corridas, conquistando 17 vitórias e 41 pódios.
O piloto luso, de 30 anos, estreou-se no Mundial de velocidade em 2011, na categoria de 125cc, pela Andalucía-Cajasol. No ano seguinte integrou a Moto3, pela Estrella Galicia 0,0, conquistando os primeiros pódios, ao ser terceiro na Catalunha e segundo na Austrália.
Entre 2013 e 2014 alinhou pela Mahindra Racing (dois terceiros lugares, na Malásia e nos Países Baixos), antes de se transferir, em 2015, para a Red Bull KTM Ajo, pela qual somou as primeiras vitórias no Mundial (seis nessa temporada) que lhe valeram o segundo lugar do campeonato, a seis pontos do britânico Danny Kent.
Em 2016, subiu para a Moto2 com a Leopard Racing e, posteriormente, regressou à Red Bull KTM Ajo, em 2017, equipa pela qual alcançou seis vitórias e o vice-campeonato de 2018, atrás do italiano Francesco Bagnaia.
A estreia em MotoGP ocorreu em 2019, na Tech3 KTM, conseguindo em 2020 a primeira vitória da carreira na classe rainha, no Grande Prémio da Estíria, oferecendo também o primeiro triunfo de sempre àquela equipa privada no Mundial de MotoGP.
No mesmo ano venceu também o Grande Prémio do Algarve, em Portimão, numa prova marcada pela pandemia de covid-19 e em que o "Falcão" fez a "pole position", volta mais rápida e liderou todas as voltas da corrida.
As prestações valeram-lhe a promoção à equipa oficial da KTM, entre 2021 e 2022, com a qual conquistaria mais três vitórias: Catalunha, em 2021, e Indonésia e Tailândia, em 2022, com a particularidade de estas duas corridas se terem disputado debaixo de chuva.
Mas, em 2023, decidiu experimentar uma nova marca, mudando-se para a Aprilia, com a equipa satélite Trackhouse Racing. Contudo, os problemas técnicos e as lesões não permitiram que voltasse a conhecer o sucesso experimentado com a KTM.
Em 2025, acabaria por mudar de ares novamente, agora para a Yamaha, na equipa Prima Pramac que acabara de conquistar o título de equipas e de pilotos, com o espanhol Jorge Martín.
No entanto, o ano começou logo mal, com uma queda na corrida sprint da Argentina, segunda ronda da temporada, que lhe provocou uma lesão nos ligamentos do ombro direito. Falhou as três corridas seguintes (Américas, Qatar e Espanha), desistindo na prova seguinte, em França.
A adaptação à nova mota atrasou-se e a equipa acabou por acionar a cláusula de desempenho, que impediu a renovação do contrato com o português por mais uma temporada.
Miguel Oliveira segue, agora, para o Mundial de Superbikes, o campeonato do mundo de motociclismo com motas derivadas de série (as motas do dia a dia), ao contrário dos protótipos utilizados em MotoGP.
Oliveira foi o único português a tempo inteiro no principal campeonato do mundo de motociclismo, o Mundial de velocidade, e o único a conquistar vitórias, nomeadamente cinco em MotoGP, seis em Moto2 e seis em Moto3.
Somou 11 corridas nas 125cc e 69 nas Moto3, em que conquistou duas poles (Países Baixos e Argentina) e 13 pódios, para além das seis vitórias (Itália, Países Baixos, Aragão, Austrália, Malásia e Valência), sendo vice-campeão mundial em 2015, atrás de Danny Kent.
Já em Moto2, disputou 50 corridas em três temporadas, somando seis vitórias (Austrália, Malásia, República Checa, Itália e Valência, por duas vezes, em 2017 e 2018), duas poles (Argentina e Aragão) e 21 pódios (oito terceiros lugares e sete segundos), que lhe valeram ser vice-campeão em 2018.
Na categoria rainha, Miguel Oliveira disputou sete temporadas, mas em quatro delas foi forçado a falhar algumas corridas devido a lesão, em 2019, 2023, 2024 e 2025.
Em MotoGP, Oliveira somou 117 corridas, em que conquistou cinco vitórias (Estíria e Algarve, em 2020, Catalunha, em 2021, Indonésia e Tailândia, em 2022), uma pole position (Portugal, em 2020), num total de sete subidas ao pódio - para além das cinco vitórias foi segundo em Itália e Alemanha, em 2021.
O nono lugar na temporada de 2020 foi o melhor resultado que o piloto de Almada conseguiu nas sete temporadas em que disputou a categoria de MotoGP.