Internacional

Dois mortos no Benin-Senegal: "Caíam como moscas, espezinhadas e asfixiadas"

Reprodução twitter

Multidão apinhada na entrada para as bancadas gerou incidentes graves em Cotonou

Duas pessoas morreram e pelo menos dez ficaram feridas no Benin-Senegal de qualificação para a Taça de África das Nações, no estádio Général Mathieu-Kérékou, em Cotonou.

Foram anunciadas medidas para apurar responsáveis pelos incidentes que levaram ao dramático episódio.

Os adeptos amontoaram-se para entrar rapidamente no estádio e assegurar os melhores lugares o que levou a desmaios e quedas no meio da multidão. Reportaram-se problemas de segurança nas entradas, má informação e adeptos que entraram sem bilhete, dado o entusiasmo que se gerou, acima de tudo, para ver Sadio Mané, do Senegal.

O governo anunciou, 48 horas antes do encontro, que este seria gratuito, mas os adeptos tinham de levantar bilhete, o que levou ainda a revenda e candonga. Segundo informam meios locais, a responsabilidade da organização é tripartida, entre o organismo que gere os estádios do Benin, o Ministério do desporto e a federação de futebol.

Louis Nouwatin, adepto de 32 anos, relatou à AFP como tudo se passou: "A debandada deveu-se à impaciência de alguns adeptos que queriam forçar a passagem para garantir os seus lugares. Fomos espezinhados sem dó nem piedade. A polícia ficou sobrecarregada."

"As pessoas estavam a cair como moscas. Muitas foram espezinhadas, asfixiadas e algumas ficaram presas às grades. As pessoas gritavam por água. Os mais rápidos eram largados e socorridos no chão. Vi pessoas desmaiarem sem receberem ajuda. Alguns dos adeptos tiveram de tirar a roupa para respirar e reanimar essas pessoas. Sinceramente, foi inacreditável", testemunha Eudes, 23 anos.

"Deixámos a porta aberta. Vi as pessoas entrarem em massa. Quando a cena começou, os assistentes do andar de baixo, em vez de avisarem os colegas do lado de fora para fecharem a porta, estavam lá a aconselhar as pessoas a irem para a porta ao lado enquanto estavam presas. A pressão exercida pelos adeptos à entrada impediu os outros de se deslocarem. Foi isso que provocou a debandada", afirma Achirou Arouna.

Um adepto morreu no local, o outro falecido acabaria por morrer no hospital.

O jornalista Evrard Djissou acusou a organização. "É uma situação deplorável e triste, porque estamos a falar de mortos e feridos. As pessoas que saíram de casa para apoiar a equipa do Benin nunca mais voltaram. Nunca quisemos que isso acontecesse. Temos de ter a coragem de dizer que a organização não estava à altura. Na bancada onde se desenrolaram as cenas, houve um excesso de gente".

Refira-se que a partida terminou empatada (1-1).

Rafael Toucedo