Contratado em janeiro de 2017, por 1 M€, ao Nacional, o guardião de 25 anos só conquistou a titularidade na época passada e, nesta, conseguiu manter a sua baliza a zeros em cinco de nove partidas
Natural da Maia, Rui Silva mudou-se ainda júnior, em 2012, para o Nacional. Na época de 2016/17 tornou-se titular indiscutível, despertando a atenção do Granada, que o contratou em janeiro de 2017.
Após ano e meio sem grandes oportunidades, conquistou a baliza dos andaluzes numa campanha que trouxe o clube de volta a La Liga, onde é atualmente a equipa-sensação.
Hoje vive um momento alto no Granada, mas o início não foi fácil, pois não?
-Sabia da dificuldade. Era um passo em frente na carreira vir para Espanha, para uma das melhores ligas do mundo. Mas foi complicado, tinha um guarda-redes experiente à minha frente [o mexicano Ochoa] e tive de esperar pela minha oportunidade.
Até que ponto foi importante a chegada do treinador Diego Martínez, na época passada?
-Na minha segunda época, o clube contratou o Javi Varas, um guarda-redes experiente e da confiança do treinador, e só fiz cinco jogos. Mas na temporada seguinte, o Granada teve de baixar a massa salarial, saiu o guarda-redes, entre outros jogadores, e isso abriu-me as portas do onze.
A época foi quase perfeita para o clube - vice-campeão e promovido - e para si também...
-O míster passou-me grande confiança e eu sabia que podia ter um papel importante na equipa e no alcançar dos objetivos, apesar de ter estado praticamente ano e meio sem jogar. Senti ao início um pouco de pressão, tinha noção de que era um ano onde não podia falhar. Mas contei sempre com o apoio de todos e, com as boas exibições, cresceu a confiança. Foi a minha melhor época de sempre, até hoje.
Sendo que esta não está a começar pior: em nove jornadas, não sofreu golos em cinco e só Oblak tem melhor registo...
-Na época passada fiz história no clube porque não sofri golos em 18 de 40 jogos, uma grande marca. Esta também está a correr muito bem.
Já jogou nas seleções jovens de Portugal, acha que as boas exibições no Granada o colocam mais perto da equipa principal?
-Não direi que posso estar mais perto ser chamado, até porque sei o quão difícil é chegar à Seleção. É um sonho meu e também sei que, estando a jogar em La Liga, terei maior visibilidade. Espero um dia concretizar esse sonho, vejo-o como um processo natural. O importante é continuar a trabalhar bem, fazer boas exibições e ajudar o Granada. A decisão de me convocar ou não pertence ao selecionador Fernando Santos e vou respeitar as suas opções sempre.
Qual tem sido o segredo do Granada e até onde pode chegar o atual terceiro classificado de La Liga?
-Acho que o segredo foi mantermos a base da época passada e juntar jogadores que trouxeram experiência, qualidade. Continuamos muito sólidos a defender e, no ataque, temos sido eficazes. Quanto à classificação, não olhamos para isso. É gratificante, mas sabemos que podemos também ter uma fase menos boa. Queremos jogar sempre para vencer, temos equipa para jogar olhos nos olhos contra qualquer adversário, já o fizemos contra o Barcelona [vitória 2-0] e o Real Madrid [derrota 4-2]. Vamos tentar somar o máximo de pontos possível.
Pensa noutros voos ou até num eventual regresso a Portugal?
-Estou numa das melhores ligas do mundo, gosto da Premier League, mas sinto-me muito bem aqui. Concretizei o sonho de jogar num grande campeonato, de defrontar equipas como o Real Madrid e o Barcelona. Estou num patamar elevado e espero ficar por muitos anos. Tenho um ano e meio de contrato, estou feliz, mas nunca sabemos o dia de amanhã. Nunca vou fechar a porta ao meu país. Neste momento, a prioridade é dar o meu melhor pelo Granada e mostrar a minha qualidade em La Liga.
Esta época, Rui Silva passou a ter Domingos Duarte como colega, central que garantiu o triunfo por 1-0 sobre o Eibar na última jornada e que tem sido também um esteio no Granada.
Sobre o compatriota, Rui Silva elogia: "Já conhecia o Domingos dos sub-21 e, na época passada, defrontei-o quando ele estava no Corunha. Este ano tenho a oportunidade de jogar com ele e a verdade é que já é um patrão na defesa. Embora seja jovem, soma muitos jogos e tem experiência. Temo-nos ajudado um ao outro. Ele marcou nos dois últimos jogos e desejo-lhe que faça muitos mais."