ENTREVISTA (parte 3) - Mário Silva fala ainda sobre Romário Baró e Fábio Vieira, os outros que sobem aos AA, mas pede especial atenção "aos 16 anos dos meninos".
Sérgio Conceição vai contar na próxima época com quatro jogadores dos juniores A do FC Porto. Tomás Esteves (lateral-direito), Fábio Vieira (médio-ofensivo), Romário Baró (médio-ofensivo) e Fábio Silva (avançado) vão integrar o plantel principal na pré-época. Mário Silva está feliz pela promoção, tendo aceitado o repto de O JOGO de dar a conhecer este quarteto.
Em jeito de introdução, lembrou que Tomás Esteves e Fábio Silva só têm 16 anos. "O Tomás Esteves e o Fábio Silva são dois meninos de 16 anos e que cresceram imenso este ano. Face à idade que têm, e num contexto em que defrontaram adversários com idade de sub-19 e sub-20, deram uma excelente resposta. Têm um enorme potencial. São dois talentos puros", elogiou o treinador, destacando a força psicológica dos dois. "Tanto um como o outro têm uma parte mental fortíssima, acreditam muito no valor que têm. Estes dois podem ser, a curto prazo, jogadores de equipa principal."
Talento é o que não falta a Fábio Vieira, um médio-ofensivo com quem Mário Silva já tinha trabalhado nos sub-16. "Tem um pé esquerdo fabuloso. No um contra um não tem os mesmos argumentos do Romário Baró, mas é muito inteligente e joga de uma forma diferente, porque usa o passe, a movimentação e a ratice para tirar partido do jogo dele. Foi muito importante ao longo da época", destaca, deixando um conselho a um jogador que admira. "Precisa de ganhar mais em termos defensivos, nomeadamente a nível de agressividade".
A 8, a 10 ou como segundo avançado, Romário Baró merece os elogios de Mário Silva. "Tem um enorme potencial, já esteve num contexto de equipa B, num contexto profissional. Tem um talento puro e tem criatividade dos pés à cabeça. Joga como se estivesse na rua. Diverte-se a jogar, é muito alegre e muito feliz naquilo que faz. Tem uma capacidade extra, porque esteve um ano na equipa B, com jogadores profissionais e mais calejados, o que lhe deu um ritmo competitivo completamente diferente. Teve, por isso, uma evolução maior", destaca o treinador responsável pela dobradinha, admitindo que há uma grande diferença entre o Romário Baró que está fora ou dentro do campo.
"É muito tímido, mas ao contrário de alguns jogadores que transportam para o campo essa personalidade, o Romário não. Fora do campo foge muito às câmaras e às entrevistas, mas dentro do campo solta-se e joga com paixão e alegria. Não acusa a pressão. As coisas correm menos bem e ele assume novamente. Isso é fundamental para ser um jogador de alto nível", destaca.
"Há muitos outros com potencial"
Além de Tomás Esteves (lateral-direito), Fábio Vieira (médio-ofensivo), Romário Baró (médio-ofensivo) e Fábio Silva (avançado), Mário Silva garante que "há muitos outros da equipa de juniores A que têm potencial para fazer parte do plantel principal ou da equipa B, destacando os nomes de Justiniano (defesa-central), Tiago Lopes (lateral-esquerdo), Mor N"Diaye (médio-defensivo) e Ángel Torres (ala-direito), assim como "todos os outros que fizeram parte desta caminhada". Garante, inclusive, que "aqueles que são sub-18 e que, esta época, tiveram menos espaço também têm um enorme potencial".
VISTOS À LUPA
Tomás Esteves - "Lateral de grande projeção ofensiva"
"É um jogador muito talentoso, um lateral-direito de grande projeção ofensiva. Tem de melhorar aspetos defensivos, mas em termos ofensivos tem muita qualidade"
Fábio Silva - "É finalizador e inteligente"
"É um jogador-golo. Com 16 anos foi o melhor marcador do Campeonato Nacional de sub-19. Isto diz tudo. É muito bom finalizador, é inteligente. Tem movimentações de avançado muito interessantes e muito curiosas"
Fábio Vieira - "Vê coisas que outros não veem"
"É um miúdo irreverente, que não acusa nada. Para ele é igual jogar com o Beira-Mar, com todo o respeito que tenho pelo Beira-Mar, ou com o Chelsea na final da Youth League. Tem um pé esquerdo fabuloso, tem bola parada, é muito inteligente a jogar. Ofensivamente é um miúdo fantástico e criativo. Vê coisas que outros não veem"
Romário Baró - "É um vagabundo com qualidade"
"Vejo-o a jogar como 8 ou como 10. Com 10 é um jogador vagabundo, que gosta de jogar entre linhas. Recebe, roda e cria desequilíbrios. Gosta de servir os homens da frente e de ser ele próprio a finalizar, até porque tem boa qualidade de remate. Tem tudo para ser um médio-ofensivo de grande qualidade"
Filhos: dois no futebol e uma na ginástica
O desporto sempre fez parte da vida de Mário Silva e os trigémeos (!) seguem-lhe as pisadas. Martim joga nos sub-14 do FC Porto, enquanto o irmão, Miguel, é defesa do Rio Ave. Matilde esteve ligada à ginástica. O pai, babado, avalia os três. "O Martin é médio-ofensivo, tal como o Romário Baró. É esquerdino, como eu, mas com mais qualidade técnica do que eu tinha. Vai ficar no FC Porto. Ele é feliz aqui e as pessoas do clube querem que ele continue. Espero que seja feliz, como eu fui aqui", destacou.
Miguel também quer seguir o exemplo do pai. "O Miguel vai continuar no Rio Ave. É defesa e é mais parecido comigo. Não tem a qualidade técnica do Martim, mas tem outras valências. Espero que seja muito feliz. As pessoas do Rio Ave estão muito contentes com ele e querem que ele fique", revela.
Já Matilde preferiu a ginástica. "Gosta muito de desporto, acompanha o futebol, gosta de ver os irmãos a jogar e gosta de ver as equipas do pai. Esteve ligada à ginástica e ganhou umas medalhas, mas entretanto saiu, porque aquilo estava a ficar demasiado exigente e estava a desfocá-la da escola", justificou, lembrando que acima de tudo quer que os filhos sejam felizes e que não descurem os estudos. "Espero que não façam como o pai, que deixou os estudos e, mais tarde, já velhote, teve de voltar a estudar para fazer o 12.º ano."