<strong>ENTREVISTA</strong> (Parte 1) - De saída do FC Porto por sentir que era hora de arriscar, o treinador Mário Silva, que levou os sub-19 à dobradinha, espera voltar pela porta grande.
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Depois de levar a equipa de Juniores A do FC Porto à conquista do campeonato e da Youth League, Mário Silva decidiu colocar um ponto final no ciclo na formação. Em Portugal, só na I ou na II Liga.
"Aquilo que o FC Porto me propôs não foi ao encontro do que eu pretendia. Queria fechar o ciclo da formação"
Um dia depois de acertar a rescisão amigável com o FC Porto, Mário Silva ainda orientou um último treino, no Olival. Depois, tirou tudo o que tinha no balneário e dirigiu-se à sala de Imprensa para dar uma entrevista exclusiva a O JOGO. Foi o último ato como treinador dos portistas, depois de sete anos na formação. Saiu de consciência tranquila e com a dobradinha no bolso. À Youth League juntou o campeonato, feito inédito em Portugal. Agora, vai descansar e analisar propostas, mas deixa uma garantia: em Portugal, só na I ou na II Liga.
O que o levou a deixar o FC Porto?
- É sempre duro e triste para nós, principalmente quando estamos num sítio que gostamos e num clube que nos diz muito, quando temos de tomar uma decisão destas, mas foi uma decisão consciente, pensando nos interesses da minha carreira em termos futuros. Foram sete anos na formação do FC Porto e tinha estado antes nos juniores do Boavista. Cheguei a um ponto em que pensei aventurar-me no futebol sénior. Aquilo que o FC Porto me propôs não foi ao encontro daquilo que eu pretendia.
Apesar de ter mais um ano de contrato, foi fácil o acordo?
- A saída aconteceu de uma forma tranquila e amigável, como tinha de ser. Acertámos a desvinculação e agora estou disponível para abraçar novos projetos. Sei que neste momento se fala disto e daquilo, mas o meu principal objetivo era fechar o ciclo de formação. Estou muito grato ao FC Porto por ter-me permitido trabalhar e crescer enquanto treinador, daí que este seja um dia triste, mas ao mesmo tempo esta foi uma decisão pensada.
"Estou muito grato ao FC Porto por ter-me permitido trabalhar e crescer enquanto treinador"
Não sente que é um risco?
- Sim, mas na vida temos de arriscar. Sinto-me bem no FC Porto e, inclusive, se eu optasse pela estabilidade e pela segurança, provavelmente aceitaria continuar cá. As pessoas queriam que eu continuasse e estou grato por isso, mas há momentos na nossa vida em que temos de arriscar. Tive um momento pessoal que me deu uma lição para o resto da minha vida e o que sinto é que por vezes temos de seguir o nosso feeling, as nossas convicções. Foi o que fiz.
Sente que está preparado para dar o salto?
- Preparei-me ao longo destes anos e agora sinto que estou pronto para abraçar novos projetos no futebol sénior. Saio com a consciência tranquila de que tudo fiz e que dei o melhor de mim em prol do FC Porto. Quem sabe um dia poderei regressar. Espero que sim e espero nesta aventura preparar-me de forma a que o presidente [Pinto da Costa] um dia possa convidar-me para treinar uma das equipas profissionais do nosso clube.
"Optei por sair e aventurar-me no mundo do futebol profissional, trocando a estabilidade pela instabilidade da profissão"
Regressar ao FC Porto passa a ser um sonho e um objetivo de carreira?
- Sim, sempre foi. Enquanto jogador, sempre tive sempre o sonho de jogar no FC Porto e consegui. Comecei a carreira de treinador e tive a felicidade de ter sido convidado para voltar a esta casa que me diz muito. Neste momento em que estou de saída podemos sonhar com o regresso para treinar uma das nossas equipas profissionais.
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Sente que estava preparado e que merecia treinar a equipa B?
- Merecer é subjetivo, mas sentia-me preparado. Por isso é que optei por sair e aventurar-me no mundo do futebol profissional, trocando a estabilidade pela instabilidade da profissão. Decidi arriscar. Tenho de respeitar as decisões do clube e as pessoas que me ouviram respeitaram a minha decisão. Saí de uma forma tranquila e amigável, como tinha de ser, como era meu objetivo e do FC Porto.
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Mais do que o regresso às equipas profissionais, o objetivo passa pela equipa principal?
- Espero bem que sim. Foi uma década ao serviço do clube, ganhei muitas coisas importantes como jogador e neste início de carreira como treinador. Agora, tudo é possível.
"Em Portugal, só na I ou na II Liga"
Mal foi anunciada a saída do FC Porto, Mário Silva recebeu um convite para treinar o Varzim, na II Liga, mas recusou. Já recebeu propostas?
- Existiu uma ou outra abordagem, o que é normal, e vejo o meu nome associado a alguns clubes, o que me deixa feliz e orgulhoso. No entanto, se não surgir nada, quero continuar a enriquecer-me enquanto treinador e fazer coisas que não fiz enquanto estive ao serviço do clube, nomeadamente visitar outras realidades e seguir de perto outros treinadores. Quero fazer formações, mas tudo isto é subjetivo, porque a qualquer momento pode surgir algo interessante e importante para a minha carreira. Foram sete anos com pouco tempo livre, com poucas férias. Portanto, é tempo de descansar e depois perceber o que há de interessante quando o telefone tocar.
Em Portugal só na I ou na II Liga?
- Sim. Depois do trajeto que fiz num clube como o FC Porto, e sem ser falta de humildade da minha parte, só na I ou na II Liga. Temos ainda o estrangeiro, onde as portas estão abertas por mérito de outros treinadores portugueses.
Uma semana depois de ter acordado verbalmente a saída amigável do FC Porto, Mário Silva voltou ontem ao Estádio do Dragão para rescindir o contrato que o ligava aos dragões por mais um ano. Agora, o treinador que levou os sub-19 portistas à conquista do campeonato nacional e à vitória na Youth League, vai aproveitar para gozar alguns dias de férias e esperar que o telefone toque para treinar uma equipa sénior que compita num campeonato profissional.
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