Acreditar não é palavra vã. Vale muito e serve de referência para os mais diversos aspetos do nosso quotidiano. Vítor Bruno pensou nela quando aos 24 minutos estava 0-3 na Supertaça. O prémio foi o que todos sabemos
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Certo dia, para os lados de Barcelos, vi um jogo de futebol em que a equipa da casa perdia por três golos. Faltavam 10 minutos e o treinador não se cansava de gritar: “ainda dá, malta, ainda dá”. O dedo de quem estava no banco não produziu efeitos apenas pelas substituições operadas, mas sobretudo na forma como fez a equipa acreditar que era possível reverter uma desvantagem tão grande. O jogo acabou 3-3. Esse exemplo conduz-me sempre à dúvida sobre se tudo está realmente resolvido quando se verifica uma margem do género. A imprevisibilidade sempre foi um dos fatores que torna o futebol tão aliciante para os espectadores e há inúmeros exemplos de que nada está perdido enquanto houver estrada para andar.
O mais mediático foi, porventura, o empate arrancado pelo Liverpool na final da Champions frente ao poderosíssimo Milan, em 2005, que os ingleses acabariam por vencer nos penáltis - o chamado Milagre de Istambul. Essa épica recuperação passou pela cabeça de Vítor Bruno ao intervalo da Supertaça anteontem, em Aveiro. Estreante no banco portista como técnico principal, não entrou em pânico e procurou motivar os seus homens com a mensagem de que um jogo não se entrega de mão beijada no fim da primeira parte, talvez recorrendo à velha máxima de que “se foi possível o adversário marcar três golos em 45 minutos, também podemos fazer o mesmo”. A reviravolta foi mesmo real no prolongamento e o troféu seguiu para a Invicta, numa das tais vitórias saídas das profundezas da alma que alimentam os campeões. E não há dúvida de que este novo dragão não poderia arrancar de maneira mais inspiradora.