A recusa de vistos de entrada em Portugal às crianças cabo-verdianas que iam participar no Torneio Internacional Barcelos Cup em sub-11 é um sinal dos tempos. E não é um bom sinal.
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Distraídos com o turbilhão das notícias sobre o mercado de transferências, esmagados como estamos com a terrível ameaça da imigração com que nos acenam todos os dias, é fácil deixar passar como normais situações que são incompreensíveis. É incompreensível, por exemplo, que às crianças da Associação Escola de Achada Grande Trás (EFAT), de Cabo Verde, que deveriam participar no Torneio Internacional de Futebol Barcelos Cup em sub-11, tenham sido recusados os vistos para entrarem em Portugal. O Centro Comum de Vistos (CCV), entidade responsável pela emissão das autorizações em Cabo Verde, justificou a decisão porque “subsistem dúvidas razoáveis quanto à intenção do requerente de sair do território dos Estados-membros antes de caducar o visto”.
O facto de o convite ter partido da Câmara Municipal de Barcelos e de a autarquia garantir alojamento, alimentação e deslocações não terá sido considerado relevante. O facto de a EFAT ter realizado um esforço financeiro gigantesco à escala da economia de Cabo Verde para reservar as viagens e comprar equipamentos de treino e de jogo também não foi considerado. E, pelos vistos, não foi sequer considerado o ridículo da alegação do CCV quando estão em causa crianças de 11 anos de idade, mais os quatro adultos que naturalmente as acompanhariam.