A saída de Quenda era já esperada porque, simplesmente, no atual contexto do futebol português é impossível segurar um jovem de qualidade acima da média. Sem dinheiro não há vícios e, assim, os melhores artistas vão embora, empobrecendo o nosso campeonato.
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O rosto mais visível do sucesso do futebol de formação em Portugal, Geovany Quenda, apareceu em grande plano no Sporting, foi chamado à principal Seleção Nacional e, em poucos meses, está já vendido ao Chelsea. É um sinal dos tempos que já não são novos e que obrigam os clubes portugueses a trabalhar o talento que chega às academias e, quando os meninos começam a fazer-se homens, são imediatamente transferidos a troco de quantias avultadas.
A venda do extremo ao emblema londrino não espanta e podemos mesmo dizer que já era esperada, pois não há sociedade desportiva em Portugal, mesmo as de maior potencial económico, que consiga resistir a ofertas deste calibre. O futebol português está carregado de talento e nos últimos anos foram desenvolvidas diversas teorias no sentido de garantir a retenção desses diamantes no nosso campeonato, mas a realidade diz-nos exatamente o contrário. Ao mínimo sinal de qualidade lá vão os miúdos para os mais endinheirados da Europa, fortalecendo as cinco principais ligas e deixando a nossa, inevitavelmente, mais pobre, num país que cobra 23% de IVA no futebol, que não ajuda nos seguros dos atletas e carrega nos impostos.