PRESSÃO ALTA - Uma opinião de Nuno Vieira
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Era grande a expectativa face ao novo formato encontrado pela UEFA para potenciar os ganhos provenientes dos desafios internacionais, seja na Liga dos Campeões, na Liga Europa ou na Liga Conferência. Uma classificação comum, um aumento de competitividade e, consequentemente, uma distribuição de receitas teoricamente equilibrada, ainda que todos estivessem dependentes do que o sorteio poderia ditar, porque jogar em casa com Real Madrid não é o mesmo do que receber o Slovan Bratislava.
O novo formato das provas da UEFA não favoreceu as equipas portuguesas e apenas acentuou a desigualdade entre os ricos e os outros
A sorte não foi propriamente madrasta para os clubes nacionais que entraram nas diferentes competições. Havia jogos potencialmente exigentes, outros de provável equilíbrio de forças e ainda alguns acessíveis. No entanto, só em campo poderiam ser desfeitas as dúvidas e, onde tudo se decide, as coisas não correram de feição nesta ronda inicial das duas principais provas, pois na Liga Conferência o Vitória de Guimarães foi prestigiante exceção à regra e logrou garantir a segunda posição da fase regular, apenas superado pelo Chelsea, numa afirmação internacional lusitana que tardava nesta espécie de terceira divisão europeia e que tantos pontos foi dando nos últimos anos aos Países Baixos.
Na Champions, o Sporting arrancou a todo o gás, mas após a sensacional goleada imposta ao City o quadro agravou-se ao ponto de colocar em causa a continuidade na prova, ficando tudo dependente do embate final frente ao Bolonha. O Benfica está perto de garantir um lugar no play-off, mas uma eventual derrota no terreno da Juventus poderá empurrar os encarnados para fora da prova milionária.
Na Liga Europa o cenário é ainda pior. FC Porto e Braga estão, neste momento, fora dos lugares que lhes permitem seguir em frente, tendo de ganhar o jogo que resta e, porventura, fazer algumas contas.
As quatro derrotas nos quatro jogos desta semana, embora todas pela margem mínima e com o Benfica a enfrentar o colosso Barcelona, levam à conclusão de que o novo formato não ajuda os clubes nacionais, numa altura de visível perda de competitividade interna. Por outro lado, favorece os habituais privilegiados, pois na Champions apenas o Feyenoord aparece nos 17 melhores pontuados, sendo todos os outros de Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França. A luta continua desigual e a reinvenção do sistema apenas serviu para acentuar a disparidade entre os ricos e os outros.