Os tubarões sentem o sangue na água e a imagem de um clube fragilizado não é a ideal no momento de negociar vendas de jogadores em alta
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Numa entrevista a O JOGO, nas vésperas da eleição que acabaria por confirmá-lo como presidente do FC Porto com mais de 80 por cento dos votos, André Villas-Boas garantia ter sondagens que já apontavam para uma vitória por números confortáveis. Mais do que isso, supunha que Pinto da Costa tivesse acesso a números semelhantes criticando a tomada de decisões estruturantes em plena campanha eleitoral. O que se vai descobrindo sobre a real situação financeira do clube e sobre as medidas que apressadamente foram tomadas pela SAD cessante nos dias que decorreram entre a eleição e tomada de posse de André Villas-Boas parecem confirmar isso mesmo.
Afinal, a quantidade de minas e armadilhas que a anterior Direção deixou atrás de si, numa espécie de política de terra queimada, tornam evidente que já tinha como inevitável a saída e como prioridade dificultar a sucessão. Desde o dossiê do treinador, que assinou por quatro épocas a dois dias da eleição, até ao precipitar da opção pela Academia na Maia, passando pela assinatura de um acordo comercial de longo prazo com a Ithaka para a exploração do Estádio, pela concessão de procurações a agentes para a negociação exclusiva de certos jogadores e terminando no verdadeiro caos financeiro refletido numa montanha de dívidas a fornecedores que asfixia a gestão corrente, tudo aponta no sentido de, conscientemente, tornar o mais difícil possível o arranque da nova Direção.