PASSE DE LETRA - Uma opinião de Miguel Pedro
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1- No início da semana em que o conclave de cardeais escolheu um novo Papa, já uma espécie de fumo branco tinha saído dum hotel do centro da cidade de Braga: “Habemus Candidatum ad Titulum”, foi o que resultou – entre muitas coisas – da apresentação da candidatura de António Salvador para a presidência do SC Braga, para um novo mandato (2025-2029). Uma candidatura em que o arrojo das propostas estratégicas apresentadas pelo atual Presidente do SC Braga foi enfatizado por todos os presentes e pela imprensa. Os termos mais utilizados e mais ouvidos na apresentação da candidatura foram “talento”, proximidade”, “expansão”, “crescimento”, “sustentabilidade”, “formação” e “parcerias”.
Conceitos que representam, no fundo, o que tem sido já a estratégia do SC Braga nos últimos anos e que, tendo sido trabalhados de forma sustentada e hierarquizada (um passo de cada vez), permitem hoje que António Salvador defina metas mais ambiciosas, tal como a luta por títulos, entre os quais o de campeão nacional de futebol. Para quem, como eu, teve a sorte de recentemente visitar toda a Academia, perceber todas as suas reais valências e potencialidades, entende bem que as metas de Salvador não são delírios de um candidato: são possibilidades reais, e surgem, afinal, como continuidade e corolário de um trabalho que tem vindo a ser feito há vários anos.
Pude constatar, na visita que fiz, que a Academia (com todas as suas fases, desde os campos de treino, os espaços de formação e o novo estádio Amélia Morais) é um verdadeiro ecossistema desportivo e humano, onde cerca de mil pessoas, num quotidiano em ebulição, interagem e se estimulam, com comportamentos, lideranças, exemplos, aprendizagens, criando cadeias relacionais que culminam na produção de talento. Ser campeão nacional de futebol nos próximos anos é, assim, uma possibilidade real e, por isso, a partir da próxima época, se nos perguntarem se somos candidatos ao título, responderemos, com confiança, que SIM!
2- Mas muita coisa terá de mudar. A síndrome do “danoninho” persegue-nos sempre: quando parece que vamos conseguir algo, falta-nos sempre um bocado. O pódio é, agora, uma miragem. Ontem, na derrota frente ao Casa Pia, faltou talento, principalmente no último terço: quase sempre a decidir mal, sem calma, com muitos jogadores a revelar uma ansiedade que, nos três últimos jogos, não nos deixou ir mais além. Lá ficaremos com o habitual quarto lugar, um espaço que parece ser o nosso habitat natural.