Talvez seja esta desarmante humildade (...) que lhe dá esta energia brutal
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Não gosto muito de fazer previsões porque sou um bom pessimista. Não gosto de criar demasiadas expectativas” é uma frase de Iúri Leitão, dita a 10 de agosto de 2023, fará amanhã um ano, na chegada ao aeroporto Francisco Sá Carneiro depois de se ter sagrado campeão mundial de omnium, em Glasgow. Tive a sorte de ser eu a fazer este trabalho, não só porque fazer reportagem é das coisas que mais gozo me dá nesta profissão, como pelo facto de ter falado com um campeão mundial. Não é todos os dias que acontece e menos ainda em Portugal, onde, sempre advogarei isto, a cultura desportiva é altamente deficitária.
Fiquei com ótima impressão do natural de Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, um rapaz humilde, de pés bem assentes na terra.
Talvez por isso, também desta vez, na antecipação da prova de omnium olímpica, tenha sido cauteloso - o que nada tem a ver com medroso -, ao ter referido, no mesmo aeroporto, mas desta vez de partida para Paris, que um lugar entre os oito primeiros seria “motivo de grande orgulho”.
Talvez seja esta desarmante humildade - “tenho colegas de equipa muito fortes e que mereciam tanto como eu estar aqui”, disse já a prata estava ganha -, que lhe dá esta energia brutal, esta capacidade ímpar de ler as corridas e dar estas alegrias a um país que durante 15 dias fixa atenções nos Jogos Olímpicos.
Que se sigam os saltos de Pichardo, se possível com ar menos enfadado, as pagaiadas de Fernando Pimenta, João Ribeiro e Messias Batista para novas medalhas portuguesas. A fórmula, pode muito bem ser a “Flying Piggy”: uma grande simplicidade.