Corpo do artigo
1 - Última jornada onde faltam os dois grandes “vikings” do meio-campo, Hjulmand e Aursnes, os médios que mais bolas devoram e “comem metros” durante os jogos no centro dos onzes de Sporting e Benfica.
O grau de influência nessas máquinas de intensidade de jogo é, sem dúvida, maior em Hjulmand, com maior influência na visão dupla de pressionar para jogar.
Um jogar onde é superior a Aursnes, essencialmente pressionante como razão para jogar como médio mais adiantado, e não mais ofensivo, um traço que se deteta mais em Kokçu, embora partindo de posição mais recuada, n.º8.
Parecem, nesta perspetiva, em posições invertidas, mas na ideia de jogo de Lage são as certas para as missões que têm de desempenhar (complementando-se) no coletivo e sua forma de jogar.
2 - Em tese, Aursnes é, taticamente (pelo perfil dominante do seu jogo) mais fácil de substituir. Embora não tenha a mesma qualidade e volume de jogo, Barreiro pode pisar esses terrenos, numa espécie de “clone soft”, visando igual prioridade de pressão alta.
Mais complexo é substituir, no coletivo leonino, a ação de Hjulmand pela abrangência dos seus diferentes traços de jogo (recuperação, duelos, posse, distribuição) dentro do mesmo jogo.
Além do sistema diferente, exigir essa maior presença tentacular (meio-campo a dois, em contraste com o trio encarnado), não tem um jogador semelhante.
Morita, o mais provável substituto posicional, é muito diferente (tem um jogo mais de equilíbrio e passe, além de ainda tocado/limitado pelas lesões sofridas). O sector muda, desta forma, a capacidade de expressar os princípios de jogo que, para plena aplicação em campo, dependem muito da potência de “tática individual” de Hjulmand (vista, no jogo mais exigente em pleno relvado da Luz, onde, sem ele, seria impossível aguentar o jogo, com sucesso, nos momentos mais adversos).
3 - Terá de ser, assim, na perspetiva leonina, um jogo coletivo diferente nesse espaço em concreto. Tudo dependerá, claro, do que for sendo competitivamente pedido no seu decorrer.
Nesses diferentes possíveis contextos, imagino inclusive a possibilidade de Pote fixar-se como médio, por vezes, em movimentações/compensações, uma posição que faz bem por vocação, embora aqui pense mais pela amplitude da sua superfície de passe (e não da intensidade de pressão) como se viu na bola que, após recuar, meteu na profundidade rasa e tensa para Gyokeres como antecâmara do golo ao Benfica.
4 - Com as linhas defensivas completas (a verde a 3, podendo baixar a 5 e a clássica de 4 encarnada) e os planos ofensivos intocáveis em função do que o treinador quer, os dilemas táticos para os treinadores estão no meio-campo. Acima de tudo, suprir o fator-Hjulmand como o maior desafio para Rui Borges, líder a um passo do título.