Grande parte dos portugueses que apregoam a paixão pelo desporto não tem noção do feito de Nuno Borges ao bater Rafael Nadal e ganhar um ATP. Na verdade, o que o povo ama, realmente, é o futebol.
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São recorrentes em Portugal os estudos das empresas de especialidade tendo como objeto as preferências do público relativamente a diversos temas da sociedade nacional. A Comunicação Social entra também neste leque e, invariavelmente, considera-se que o povo português é um consumidor voraz da informação desportiva, o que até pode explicar que entre tantas dificuldades se mantenham no mercado - no papel e no online - três jornais desportivos diários e vários outros nas plataformas digitais. Alguns desses estudos vão mais longe e chegam rapidamente a uma conclusão: os portugueses são, essencialmente, devoradores de tudo o que diz respeito ao futebol, o que facilmente se compreende, dado que é a modalidade mais praticada no País e a que possui as grandes referências para os nossos jovens, merecendo o amplo destaque no espaço mediático.
Há, porém, outras atividades que justificariam toda a atenção, principalmente quando os protagonistas enfrentam tão grandes ou até maiores dificuldades para obterem um assinalável feito internacional. É o caso de Nuno Borges, que ontem bateu a lenda Rafael Nadal e venceu o primeiro ATP da carreira. O ténis não é uma modalidade apreciada pela generalidade dos consumidores, mas depressa surgem as críticas quando este tipo de resultados não são merecedores de destaque nas primeiras páginas. A experiência já foi feita e muitas vezes geram maior receita dois golos num treino de um grande do que uma extraordinária conquista noutra modalidade. Saibamos valorizar o que de bom temos fora deste imenso campo de futebol em que vivemos.