FOLHA SECA >> Os agentes deviam fazer panfletos a explicar que o sucesso não é um iate parqueado em Ibiza. Também é, mas com uma dose brutal de suor e abdicação das coisas mundanas.
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As expectativas em torno da selecção são tantas que parecem contagiar um treinador batido como Martínez. A sua crença no alfobre de talento atirou-o para delírios experimentais que abriram os primeiros rombos na nau. O lado bom da derrota com a Geórgia foi fornecer a pitada de drama necessária para acordar a equipa do seu sono de beleza. Só essa pitada nos lançará para um voo transcendente - ou para uma depressão que durará uns dias, até aterrarmos na nossa praia favorita: a culpa.
Passadas as discussões da convocatória, o seleccionador fez escolhas, e o que ressalta delas é a titularidade inamovível de Ronaldo e Pepe, anciãos com quilómetros de grandes palcos nas pernas. Mas essa titularidade é um pau de dois bicos: se falharmos, o dedo apontará à falta de coragem para renovar. Se formos longe, a veterania será um valor de altíssima cotação.
Não é pelos oitenta anos de Ronaldo e Pepe que temos ou não a melhor selecção de sempre - é só porque falta provar em campo. A Geórgia limitou-se a baixar o nível de excelência que achávamos nosso por direito divino, e duma qualificação fácil.