CARA E COROA - Um artigo de opinião de Jorge Maia
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Pode parecer um paradoxo, mas ao contrário do que as primeiras análises supunham, a entrevista de Kokçu ao “De Telegraaf” acabou por ser uma das melhores coisas que aconteceram a Roger Schmidt esta temporada. De repente, sem ter feito muito por isso para além de ser visado pelo médio, o treinador alemão viu a contestação das bancadas mudar de alvo. Os assobios que lhe costumavam ser dirigidos, desde logo quando fazia substituições incompreensíveis para os adeptos, passaram a ter como destinatário o turco-holandês.
Não se pode dizer que ver o jogador mais caro do plantel ser vaiado quando entra em campo seja particularmente saudável, mas Schmidt estava a precisar de uma trégua das bancadas e, por uma vez nos últimos tempos, tem a Luz do seu lado, pelo menos no que diz respeito a mais esta polémica. Os benfiquistas não diferentes dos outros adeptos: são capazes de perdoar quase tudo aos jogadores, incluindo penáltis falhados em catadupa, especialmente se no fim puderem festejar uma vitória mais ou menos sofrida. O que não lhes perdoam é que tragam questões que deviam ficar no balneário para a praça pública, por muito criticáveis que lhes pareçam as opções do treinador. A questão agora, claro, é perceber se Kokçu é recuperável enquanto ativo dos encarnados. Uma dúvida de 25 milhões de euros cuja resposta, provavelmente, só poderá ser dada pelo próprio. Não conceder mais entrevistas polémicas será um passo no bom sentido e não lhe custava nada fazer uma publicação nas redes sociais a declarar que está de alma e coração na Luz.