Os cursos UEFA Pro são mais ou menos como as cartas de condução: não se pode conduzir na estrada sem elas, mas todos os dias temos provas de que não garantem a competência de quem conduz
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Era inevitável que a Associação Nacional de Treinadores de Futebol cumprisse a sua função e denunciasse a falta de habilitações de João Pereira para assumir o cargo de treinador principal do Sporting. Já tinha acontecido o mesmo com Rúben Amorim, há quatro anos, e acontece sempre que os clubes decidem apostar em técnicos que não têm a certificação exigida para o desempenho da função. Não é uma excentricidade da ANTF, é uma exigência da UEFA. Só técnicos que possuam licenças UEFA Pro podem treinar equipas do primeiro escalão dos campeonatos de todos os países europeus por mais de 12 semanas (o tempo durante o qual um treinador interino está autorizado a tomar conta de uma equipa) e o mesmo é exigido para orientar equipas na Liga dos Campeões e restantes provas da UEFA.
Claro que não é um papel que define a competência de um treinador, como o caso de Rúben Amorim tratou de demonstrar logo no primeiro ano de Sporting, quando conquistou o primeiro título de campeão nacional. Na altura, o técnico acabou ilibado, livrando-se da pena proposta de um a seis anos de suspensão por “prescrição do procedimento disciplinar”, mas o Sporting foi punido com um jogo à porta fechada, do qual recorreu. Por outras palavras, tratou-se de um caso de muito barulho para nada e não é de esperar que este tenha um desfecho diferente. Tal como aconteceu com Amorim, João Pereira terá de ser inscrito pelo Sporting como adjunto. Em janeiro poderá inscrever-se no curso UEFA Pro que arranca em maio, sendo que frequência do mesmo deverá ser o suficiente para a Liga autorizar a respetiva inscrição como treinador principal. Depois, como sempre, serão os resultados a ditar se é competente ou não.