REMATE DE PRIMEIRA - Uma opinião de Alcides Freire
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Lá foi Gyokeres, surpreendendo zero pessoas. Para trás, deixa dois anos de sucesso no Sporting e consegue cumprir o sonho de regressar a Inglaterra pela porta grande, porque é exatamente isso que significam Arsenal e Premier League. Encerrada a novela que apaixonou na primeira metade do mercado de verão, o que resta? Se, por um lado, o sueco deixa boas memórias aos adeptos portugueses e, especialmente, ótimas recordações aos que torcem pelo Sporting, também deixa dúvidas, um mar de dúvidas sobre o que será desta equipa de Rui Borges. Pelo menos no futuro imediato, porque se há coisa que a época passada deixou clara é que muito pode acontecer durante uma época. E acontece.
Posto isto, há lugar para duvidar se a “teimosia” de Frederico Varandas valeu mesmo a pena. Terá sido mesmo a melhor opção prolongar a discussão? Será que financeiramente compensou assim tanto os cofres de Alvalade, ao ponto de fazer esquecer que, a seis dias da Supertaça com o Benfica – e logo com o Benfica -, não haja ainda um sucessor de quem, todos percebemos a tempo, ia mesmo sair? Será que a imagem de negociador implacável que Frederico Varandas criou neste episódio – entusiasmando, em primeiro lugar, quem mais interessa, ou seja, quem o apoia – não poderá ser, no futuro, algo que se vire contra o mesmo? Há, claro, esse risco. Um risco que o presidente do Sporting assumiu sem medo. E a coragem será sempre uma qualidade.
Por outro lado, Varandas conhece a história, certamente. A postura leonina perante Gyokeres, em especial perante os empresários do jogador – diabolizados todas estas semanas… – não constitui uma novidade , não é algo nunca visto. Não saindo do patamar de fenómenos que marcaram o futebol português este século, pode-se recordar a teimosia do FC Porto em não deixar sair Falcao para o Atlético de Madrid, ocorrendo a mesma já com a época de 2011/12 a decorrer. Então, por cerca de 45 milhões de euros. O FC Porto acabou campeão, mas só na época seguinte teve em Jackson um matador do mesmo nível. De Kléber e Janko quase não resta a história. Tem a palavra Luis Suárez.