PASSE DE LETRA - Um artigo de opinião de Miguel Pedro
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1 De entre as inúmeras conquistas que abril de 1974 nos trouxe, a que teve mais impacto no movimento do associativismo desportivo, e que impulsionou o seu acelerado desenvolvimento nos finais da década de 70 e ao longo da década de 80, foi a liberdade de associação. Consagrada logo na primeira versão da Constituição, a liberdade de associação representou o verdadeiro ponto de partida para a democratização da prática desportiva. Durante o longo inverno imposto pelo Estado dito Novo, mas que era bafiento e cheio de bolor, as associações desportivas (os clubes, as associações distritais e as federações) eram tuteladas pelo Estado; os órgãos sociais tinham sempre que ser homologados pelo ministro da tutela e a escolha das pessoas para fazerem parte de qualquer associação tinha critérios políticos: qualquer elemento que fosse suspeito de ser opositor ao regime nem se atrevia a candidatar para a Direção de um clube desportivo.
Após o 25 de Abril de 1974, tudo mudou: na Constituição ficou escrito que “as associações prosseguem livremente os seus fins sem interferência das autoridades públicas e não podem ser dissolvidas pelo Estado ou suspensas as suas atividades senão nos casos previstos na lei e mediante decisão judicial.” No final dos anos 70, as autoridades públicas começaram a incentivar ao associativismo desportivo, oferecendo apoio, bens e promovendo eventos de competição e partilha de experiências. Lembro-me que, nos inícios dos anos 80, eu, jovem adolescente, fundei com outros amigos e adolescentes do bairro, o “Grupo Desportivo Santo Condestável”, nome da praça, em Maximinos, onde ficou sediado o clube. Ofereceram-nos materiais de atletismo e logo começámos a treinar e a entrar em provas. Atletismo, futebol, badmington e até críquete, eram modalidades deste clube eclético. O desporto tornou-se um bem de consumo obrigatório para todos nós e, acima de tudo, a ideia de que as coisas são melhores quando são feitas em conjunto. Solidariedade, cooperação e uma amizade que ainda perdura foram as maiores conquistas de todos os que fizeram parte do Grupo Desportivo Santo Condestável.
2 Entalada entre o 25 de Abril e o 1 de Maio, esta jornada engalanou-se na sua importância, com os quatro primeiros a jogar entre si. Na deslocação à Luz, Rui Duarte mostrou as suas garras e montou uma equipa mais arrojada, mais criativa, mas com bastante rigor defensivo. Apesar da derrota, gostei da exibição do Braga, perante um Benfica que deu tudo o que tinha e o que não tinha para não perder pontos. Continuamos na luta…