PASSE DE LETRA - Opinião de Miguel Pedro
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Durante a semana, muito se falou sobre a questão da grande quantidade de golos sofridos pelo SC Braga no campeonato. O próprio Rui Duarte, nas entrevistas que foi dando, mencionou o facto várias vezes, colocando a ênfase na necessidade de reestruturar os comportamentos da equipa com vista a conseguir ser menos permeável ao golo sofrido. O número de golos sofridos até à data, 40, tem um significado na tradição bíblica, como significando muita coisa, um número muito grande. No dilúvio choveu 40 dias e 40 noites; 40 anos demorou a peregrinação do povo de Israel no deserto; Jesus e Elias jejuaram durante 40 dias. Enfim, 40 é muito, na cabeça de quem escreveu a Bíblia. Por isso, se falou tanto nos golos sofridos.
São muitos, na verdade. No entanto, não deixa de ser curioso que Artur Jorge, não desvalorizando estes dados, contrapunha sempre com os golos marcados. Ele sabia que as características da equipa impunham um desequilíbrio quase estratégico, no sentido de marcar sempre mais do que o que se sofre. Isto porque, no final, é o saldo entre golos marcados que define o jogo. Em Portimão, sofremos 3 golos, mas marcámos 5; em casa, frente ao Arouca, sofremos os mesmos, mas não marcámos nenhum. E foi neste dilema entre apresentar uma equipa mais cautelosa e menos desequilibrada ou uma equipa mais atacante e mais suscetível de sofrer golos que o Braga entrou em campo contra o Estoril.