O ato bárbaro ontem praticado em Lisboa indica um caminho claro. Está mais do que na hora de atuar contra a insegurança proveniente do desporto, exigindo-se ações urgentes e com toda a firmeza
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Presenciar um espetáculo desportivo deveria ser um momento de descontração, muitas vezes feito em família, com admiração pelo esforço dos atletas e, claro, apoio aos seus favoritos. A paixão clubista pode e deve existir em todos os segmentos desta atividade que chega à esmagadora maioria da população portuguesa, entre as diversas modalidades existentes, desde que sejam cumpridas as mais elementares regras da sociedade, como o comportamento cívico e o respeito pelos outros, sem exceção.
No dia em que a cidade de Lamego assistiu a todo este ambiente de sã convivência entre atletas e adeptos de uma modalidade como o ciclismo, no fecho do Grande Prémio Douro Internacional, a pior notícia chegou de Lisboa ao final da tarde e com alarmante estrondo. Elementos afetos a claques do Sporting emboscaram um automóvel onde seguiam adeptos do FC Porto que tinham acabado de assistir ao jogo de hóquei em patins realizado no Pavilhão João Rocha, apedrejaram a viatura e incendiaram-na com recurso a um engenho pirotécnico, sem dar tempo para os ocupantes de lá saírem. Um episódio de terror sem qualificação possível, que mereceu imediato repúdio do Sporting e do FC Porto, mas que exige uma intervenção muito mais musculada e exemplar quer das autoridades desportivas, quer das forças de segurança e judiciais.
É intolerável que esta cultura do ódio possa continuar a ser semeada e passe impune. Quem de direito tem a obrigação de tomar uma atitude urgente e firme perante atos selvagens que não cabem no desporto nem na sociedade. Ontem já era tarde.