PLANETAL DO FUTEBOL - Um artigo de opinião de Luís Freitas Lobo
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1 Há lugares de onde é difícil sair. Sem conseguir ter a bola, a seleção portuguesa não existiu na Dinamarca durante todo o jogo. Os baixinhos, agora desenhados como “cartoons” na dupla Vitinha-João Neves, voltam a estar na moda, sem o glamour atlético que impressiona, mas o “futebol gourmet” que se converte em objeto de desejo, mas isso só por si não basta. É preciso uma ideia de jogo para os inserir.
Sem essa moldura coletiva de jogo que tivesse posse, o território de estilo entrou por duelos e lances divididos, e nunca tivemos rotinas capazes para fugir dele. Tínhamos técnica e jogadores mas faltava-nos sempre tempo e espaço. Os dinamarqueses chegavam sempre primeiro. Sem bola para o nosso jogo, restava sofrer e aguentar. Há um segundo jogo em casa.
2 Jogar com extremos tão abertos (mesmo sendo eles os arranques velozes de Leão e Neto), ainda colocava os setores da equipa mais distantes porque muito do se faz nos flancos depende diretamente do que se faz no meio. Sem ter o controlo desse centro do jogo, este nunca chegaria (entenda-se, a bola, aos espaços) até esses flancos de aceleração (que, a certo ponto, só esperavam por uma bola que fosse para meter um contra-ataque individualista).