APITADELAS - Uma opinião de Jorge Coroado
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Ser português não é ser casta inferior, mesmo vivendo num retângulo à beira-mar plantado, prenhe de oportunistas, aldrabões, vigaristas e quejandos, que se engalana e toca trombetas quando o expoente da mulher portuguesa, que as há tão ou mais belas e elogiáveis, é referenciado em alguém originalmente detentor de um cromossoma X e outro Y.
Falar a língua de Camões, ler Gil Vicente, Eça de Queirós, Alexandre Herculano, José Saramago ou Miguel Sousa Tavares e, apesar das muitas luas vividas, continuar a ter ânimo para, plagiando Fernando Pessoa, dizer, “tenho em mim todos os sonhos do mundo” é ter orgulho em ser português. O futebol, tal como a sociedade em geral, não pode entender o resultado, final ou as decisões que o determinam, como obediência ou revolta, ordem ou anarquia, vitória ou derrota. Independentemente de vivermos em um país integrado na dita Comunidade Europeia, adotante de normas e diretivas oriundas daquela, que se saiba, não foi decretado perdermos identidade própria, raízes e natureza de lusitanos.
Sendo o português o quarto idioma mais falado no mundo, qual a razão para àqueles que, sobretudo, para cá vêm trabalhar, alguns ganhando principescamente, como é o caso do “Sr. Rogério Chaimite” (a quem dever ser dito que a petulante arrogância por alguns demonstrada faz vir à tona o pior da natureza humana), não lhes ser contratualmente exigido aprender português? Sabendo a relutância (estupidez?) dos súbditos de Filipe VI em fazê-lo, curvemo-nos perante o respeito e inteligência do Sr. Roberto Martínez, selecionador nacional, que desde início se esforçou e esforça para se exprimir em português! Será por ser catalão? Não se sentir castelhano?
Ainda o VAR
Podemos não ser, nem temos de ser, críticos ou apologistas das opções do “Sr. Rogério Chaimite” em matéria técnico-tática, algo do interesse dos apoiantes do emblema que lhe paga, porém, em algumas das coisas que diz, reconheça-se existência de certo âmago. Quando esta semana se manifestou sobre o VAR, apesar da ponderação demonstrada nas palavras, como se atravessasse um rio de águas revoltas em bicos de pés sobre alpondras cuidadosamente dispostas, disse o que muitos, com sabedoria e experiência feita, pensam, mas convenientemente calam: O VAR é prejudicial ao futebol! Os árbitros demitem-se das suas responsabilidades perante a ferramenta, decidindo mais fiavelmente sem ela.
Verdade desportiva
A tecnologia do VAR foi introduzida com o propósito de dotar a modalidade da muito apregoada “verdade desportiva”. Era, é, desejável que fosse mais fiável e lampã. Reconhece-se utilidade em circunstâncias especificas, desde que analisadas de forma objetiva, contudo, há um grande, um enorme senão: é manuseada, utilizada, controlada, visionada (como se queira) por seres humanos com defeitos e virtudes, por árbitros e ex-árbitros, com agravante de alguns destes ou dos primeiros, terem demonstrado falta de competência e credibilidade. Dos exemplos mais recentes, refira-se o penálti favorável ao Gil Vicente, em Famalicão, não assinalado, quando na TV foi explícita a falta de Topic.